Natu 1
Natu é a revista virtual do Instituto Jurumi e aborda conteúdos sobre a natureza. Com esse meio, a nossa ideia de tempos atrás se torna realidade, no intuito de ser mais uma forma de interação com as pessoas e apresentar a nossa leitura do que acontece no mundo associado à natureza.
Na trilha
Abrimos essa primeira edição com uma trilha. Mas no caso dessa trilha, especialmente, veremos algumas sugestões para se preparar e começar a praticar essa atividade. É um conteúdo para te inspirar ao começo do hábito de trilhar, com dicas básicas para quando puder realizar os seus percursos, ser uma experiência legal e saudável. Um dos grande problemas nas realização de trilhas, sem consciência, está nos resíduos deixados no caminho que prejudicam o local, pode atrair animais e gerar problemas para a fauna. Por isso a experiência precisa ser benéfica à pessoa que visita áreas verdes e para a natureza, sem prejuízos ou danos. Assim, vamos lá:
- Respeite a natureza e busque informações sobre o local
- Use sapatos fechados de cano mais alto
- Evite entrar em áreas fechadas pois pode haver animais peçonhentos
- Faça atividades com alguma companhia e informe familiares a previsão de retorno
- Não deixe lixo pela trilha realizada, guarde e no retorno realize o destino adequado
- Mantenha-se com hidratação equilibrada
Dessa forma, nesse tópico reuniremos assuntos relacionados a trilhas, esportes de aventura, trekking e temas afins para melhores experiências. Até a próxima trilha.
Espécie Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) É um mamífero, da ordem Pilosa e da Família Myrmecophagidae que significa ‘que come formiga’, possui língua e focinho longos, olfato poderoso. Tem cauda com muitos pelos e que lembram uma bandeira e também possui garras fortes e as usa para se defender e para se alimentar. A alimentação é composta de milhares de insetos por dia, numa forma de equilibrar o meio onde vivem, pois eles vivem em grandes áreas de vida e andam muito em busca de alimento. As fêmeas carregam os filhotes nas costas durante meses do primeiro ano de vida. A espécie tem tendência populacional em queda, em razão do desmatamento, atropelamentos, incêndios florestais e caça como ameaças, o que a torna ameaçada de extinção na categoria Vulnerável. Naturalmente ocorria desde a América Central até a América do Sul. É um animal típico do Cerrado, bioma da região central sul americana. Além de tudo isso e de outras informações, é o mascote do Instituto Jurumi. Confira a taxonomia:
No Instituto • Bandeira do Cerrado: Tamanduá
O Instituto teve início e se apresenta como uma organização que atua pela natureza, por meio de atividades principalmente relacionadas ao tamanduá-bandeira. E realmente é o projeto base da Instituição, mais importante e significativo para o nosso trabalho, pois tudo partiu dessa iniciativa para uma espécie, por muitas vezes, esquecida. Com exceção de importantes trabalhos de colegas e de outras instituições, o que mais se vê ou se lê está relacionado a informações negativas para existência de tamanduás. Assim, é muito comum conteúdos associados à aparição desses animais em áreas urbanas ou com presença humana, resultado perda de habitat, aos atropelamentos ou a outras ameaças continuadas. Com a recorrência dessas possibilidades de perigo, o Instituto planeja e desenvolve atividades em áreas de Cerrado, além da nossa base em Brasília. De forma indireta, conseguimos reunir informações importantes a esse respeito e que ajudam a melhorar a extensão do projeto. Nesse contexto, o mais desafiador, sem dúvida, é fazer frente a tantas questões que estão presentes em toda parte, em menor ou maior grau. No decorrer das observações, temos boas notícias como a ocorrência dos animais ao longo do tempo, a presença de filhotes, algumas observações pontuais que viram peças interessantes no quebra-cabeça que envolve essas atividades. Para auxiliar a desenvolver os trabalhos temos parte do projeto em captação, além da revisão de atividades a fim de obter melhor desempenho. Ao considerar todas essas informações, somadas ao fato da espécie ter ampla distribuição natural no continente, o significado em permanecer com as atividades é valioso porque responde muito sobre as atividades humanas, os rumos das regiões onde vivemos e quais medidas pretendemos implantar e seguir.
No Mundo • As zoonoses
O assunto mais comentado de 2020 no mundo inteiro está associado a uma zoonose. As zoonoses são doenças que são transmitidas de forma natural entre as espécies animais e a espécie humana. São muitos tipos de agentes que podem causar doenças assim, dentre eles bactérias, fungos, protozoários, além dos vírus. Essa transmissão pode acontecer com maior ou menor intensidade de acordo com vários fatores, como período de incubação (quando o agente causador fica no organismo mas não se manifesta), estabilidade do agente, a capacidade infecciosa, a densidade da população, por exemplo. Há muitos registros de zoonoses ao longo da história ao redor do mundo, com eventos de saúde pública que foram ou são importantes para a humanidade. Assim como animais e plantas, muitos desses agentes ainda não foram conhecidos pela ciência, ou seja estudados e descritos. Isso mais uma vez reafirma a importância de estudos para entender melhor o mundo no qual vivemos.
Entrevista • A experiência na biologia por Rodrigo Viana
Rodrigo Viana é formado em Ciências Biológicas, tem especialização em Biotecnologia, experiência na área de Zoologia, com ênfase em Comportamento Animal e atuado principalmente nas seguintes áreas: Saúde Pública e Biologia da Conservação. É um dos fundadores e pesquisador associado do Instituto Jurumi.
Essa entrevista realizada por Rita de Kássia Rezende, adaptada para essa publicação.
Você sempre quis cursar Biologia?
Eu gostava de ciências desde criança. Achava muito atrativo os temas, as figuras, mas eu conhecia apenas o termo ciências. Eu gostava de descobrir, saber dos assuntos e de ler. Até o dia que ouvi em sala a definição ou tradução do termo Biologia: 'é a ciência que estuda os seres vivos' e eu não esqueci mais. Depois descobri que havia várias ramificações, temas diferentes. Então eu vi uma possibilidade interessante.
Qual foi seu principal objetivo ao terminar a graduação?
Eu não tive um objetivo definido, mas sabia que era importante continuar as atividades que tinha começado. Por isso é possível considerar que o objetivo foi esse. Também pensei em conseguir trabalho de acordo com a formação que tinha conseguido. Contudo, a ciência tem uma forma de mercado muito própria e os trabalhos são poucos, tem alta concorrência e nem sempre estão relacionados ao que temos mais experiência ou mais conhecimento técnico acumulado.
O que te levou a trabalhar com conservação?
Os projetos que fiz parte terminavam em novas perguntas, que levavam a questões importantes relacionadas ao ambiente e, consequentemente, à sociedade. A conservação dá oportunidade de contribuir além do habitual, ter visão mais ampla e irrestrita de assuntos complexos. Não é só atuar com a biodiversidade diretamente, requer atenção e capacidade de reunir temas, áreas, problemas e soluções. Por isso exige muito e não é nada fácil. No entanto, tem um lado bom, que supre todas as dificuldades, por meio de realizações e momentos proporcionados no desenvolver de cada atividade.
Qual foi a maior dificuldade que encontrou para chegar onde está agora?
A graduação não é suficiente, apesar de longa, para ter condições de desenvolver um trabalho produtivo e que cause um impacto positivo interessante. Eu tive algumas facilidades porque lia muito e tinha interesse em descobrir assuntos. Busquei atividades além dos limites institucionais, fiz muita atividade aplicada, sendo essa busca uma iniciativa da minha parte. Ou seja, não se pode esperar que tudo aconteça. Algumas técnicas e conteúdos não foram possíveis ter pela graduação e isso se tornou uma dificuldade. Por isso é importante sempre aprimorar o que já se sabe e buscar novos conhecimentos, continuar aprendendo.
Sim, continuo com o projeto com mamíferos, que concentra as atividades com tamanduá-bandeira, por exemplo, e projetos relacionado à etnobiologia, que concentram atividades de educação ambiental. Também colaboro em iniciativas com outras espécies e grupos da biodiversidade brasileira.
Você conseguiu conquistar tudo que almejou?
Em parte. A Biologia é multidisciplinar e por isso é necessário reunir muitos diferenciais para poder oferecer bons resultados. Além disso, a conservação é um ramo ainda pouco estruturado para o trabalho, num país de muitos entraves, como o nosso e isso dificulta muito. Por outro lado, houve conquistas importantes, como produtos desenvolvidos em parceria e algumas atividades que contribuíram para ampliar o conhecimento, como por exemplo documentos técnicos publicados que ajudam a nortear atividades para conservação da natureza.
Qual orientação você daria para quem está cursando Biologia e pretende trabalhar com conservação?
Estudar muito, buscar preparo e desenvolver habilidades, inclusive em outras áreas do conhecimento que podem agregar. Isso tudo vai ajudar a ter mais condições para desempenho de um trabalho interessante e produtivo.
Lab • A técnica de estudo dos rastros
Uma das formas de estudar a presença de médios e grandes mamíferos terrestres se dá através de rastros, como pegadas e outros vestígios. É um conjunto de técnicas que possibilitam a identificação desses animais. Inicialmente é importante reconhecer os rastros em campo, pois não é sempre que eles ficam com boa qualidade e isso dificulta um primeiro reconhecimento. Percebida a possibilidade de ser uma pegada, é importante ter referências métricas, um régua por exemplo, para ajudar a ter uma dimensão daquele vestígio. Depois de localizado, colocada uma referência de tamanho é interessante registrar os rastros por meio de fotografia, assim será possível organizar um acervo com o que foi observado em campo. Para realizar essa parte com qualidade tem algumas técnicas importantes, como a câmera está paralela ao rastro e sem inclinações, pois isso que pode distorcer a percepção do rastro. Com registro fotográfico é necessário ter o ponto de localização, pois é por meio dele que será possível localizar geograficamente o que foi encontrado. A repetição desses passos, com atenção, pode ajudar muito na qualidade dos registros em campo e posterior análises a serem realizadas. Estudos assim têm muitas aplicações: podem ser usados para compor trabalhos de licenciamento ambiental, inventários em unidades de conservação, pesquisas científicas e atividades de educação ambiental. É uma forma de estudo de baixo custo e que pode render resultados importantes. São também estudos que não causam desconforto aos animais, por ser uma forma indireta de contato. Essa forma de estudo é mais utilizada para médios e grandes mamíferos, mas também é possível identificar a presença de algumas espécies de algumas aves e répteis.
Uma das formas de estudar a presença de médios e grandes mamíferos terrestres se dá através de rastros, como pegadas e outros vestígios. É um conjunto de técnicas que possibilitam a identificação desses animais. Inicialmente é importante reconhecer os rastros em campo, pois não é sempre que eles ficam com boa qualidade e isso dificulta um primeiro reconhecimento. Percebida a possibilidade de ser uma pegada, é importante ter referências métricas, um régua por exemplo, para ajudar a ter uma dimensão daquele vestígio. Depois de localizado, colocada uma referência de tamanho é interessante registrar os rastros por meio de fotografia, assim será possível organizar um acervo com o que foi observado em campo. Para realizar essa parte com qualidade tem algumas técnicas importantes, como a câmera está paralela ao rastro e sem inclinações, pois isso que pode distorcer a percepção do rastro. Com registro fotográfico é necessário ter o ponto de localização, pois é por meio dele que será possível localizar geograficamente o que foi encontrado. A repetição desses passos, com atenção, pode ajudar muito na qualidade dos registros em campo e posterior análises a serem realizadas. Estudos assim têm muitas aplicações: podem ser usados para compor trabalhos de licenciamento ambiental, inventários em unidades de conservação, pesquisas científicas e atividades de educação ambiental. É uma forma de estudo de baixo custo e que pode render resultados importantes. São também estudos que não causam desconforto aos animais, por ser uma forma indireta de contato. Essa forma de estudo é mais utilizada para médios e grandes mamíferos, mas também é possível identificar a presença de algumas espécies de algumas aves e répteis.
Natu • 1 • 22/04/2020 • Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) • Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Nathalia Coelho; Winne Massai Conteúdo: Amanda Costa; Rita de Kássia Rezende.
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