Tamanduá-bandeira, natureza e biodiversidade!

Natu 2


Na trilha
Uma das atividades preferidas dos amantes da natureza é fazer trilha. Nela, encontramos pessoas diversas, algumas vão para fazer atividades físicas, outras para apreciar a natureza, alguns vão por lazer, vão para conhecer a vegetação local e avistar alguns animais, já outros vão apenas para respirar um ar puro. Indiferente do objetivo, ambas passam por lá por se sentir à vontade e para buscar um momento ímpar em contato com a natureza. Para a realização dessa prática, existem alguns cuidados que precisam de máxima atenção. Para enfrentar uma trilha é importante:

Antes
Estar em boa condição, que tenha dormido bem na noite anterior, e que seus sentidos estejam prontos para vivenciar tal atividade;
É preciso conhecer o local ou ir com alguém que já conheça. Em geral, áreas destinadas as trilhas são bem sinalizadas, portanto, obedeça às sinalizações e terá uma ótima experiência;
Em tempos de tecnologia de ponta como hoje, é válido o uso de mapas no smartphone. Uma dica bem legal é o Avenza Maps, ele foi sonhado para campo e é possível usá-lo sem conexão com a internet, assim você estará quase pronto para percorrer com responsabilidade sua trilha;
Durante
É importante o uso de roupas adequadas como: camisa de manga comprida, calça com tecido mais grosso, meias e sapatos fechados e confortáveis;
Independente do horário, é fundamental o uso de chapéu, boné ou qualquer objeto que possa proteger do sol intenso sobre a cabeça. Se for a noite, lembre-se da lanterna com a bateria recarregada ou pilhas extras;
O uso de filtro e/ou protetor solar é essencial, assim como, repelente para evitar quaisquer problemas relacionados a alergias devido a picada de insetos (lembre-se que é necessário aplicar minutos antes de entrar em exposição);
O item água não pode faltar, evite ficar desidratado e leve água à vontade;
Quanto a alimentação, siga com alimentos saudáveis como pães, frutas e cereais.
Guarde e leve o lixo com você. Não jogue descartáveis e nenhum outro material no meio ambiente, bem como, resto de alimentos ou cascas de frutas. Os animais silvestres possuem uma alimentação diferente da nossa, não é necessário deixar um lanchinho para eles;
Não é recomendado a degustação de frutas silvestres, lembre-se que pode haver espécies vegetais venenosas que podem causar desde um leve desconforto até complicações mais graves;
Se avistar algum animal, tire fotos de longe e não se aproxime. Lembre-se, de que você está no habitat natural dele, assim evitará acidentes com você e com o animal.

Depois
Divulgue aos seus conhecidos sua experiência e fale da importância de preservar para ter.
Lembre-se:
Quando saímos de casa para entrar em contato com a natureza, saiba que o respeito é o primeiro dos sentimentos que devemos levar. Com isso, seremos capazes de vivenciar essa atividade com o cuidado que nos é proposto para conosco e com o meio ambiente.
É uma cobra da subfamília Dipsadidae, sendo que seu nome científico foi dado em homenagem ao naturalista austríaco Johann Natterer. Possuindo dentição áglifa (própria de cobras que não possuem veneno), possui hábitos fossoriais e terrícolas, se alimentando de sapos e ovos de outros répteis. São popularmente conhecidas como cobras-chatas, capitães-do-mato, jaracambeva, entre outros nomes, usando a técnica de achatar o corpo, dar botes de boca fechada e até se debater, se ameaçada. No Brasil, têm ocorrência nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Piauí e São Paulo. Porém, em decorrência da perda de seu habitat, possivelmente está ameaçada de extinção. É uma espécie ovípara e é muito encontrada em solos arenosos do Cerrado de campo sujo.


No Instituto • Intercâmbio 
O Intercâmbio do Instituto Jurumi é atividade com objetivo de realizar interações entre estudantes universitários, presencial e virtualmente, para proporcionar experiências no intuito de colaborar com a formação de pessoas com ênfase a conservação da natureza. O Instituto tem dentre as finalidades estudar espécies ameaçadas de extinção para auxiliar na conservação delas e dos habitats onde vivem, com educação ambiental e envolvimento humano; e desenvolver treinamento de profissionais com ênfase em biologia da conservação e eventos que promovam as ciências biológicas e a cultura. Com a interação com o público é comum receber solicitações para realização estágio ou para participar de Programa de Voluntariado nas férias. Dessa forma, os intercâmbios entram para as atividades da Organização como forma de viabilizar objetivos da Organização e atender solicitações de estudantes e pessoas interessadas em desenvolver atividades em conjunto com o Instituto. O Intercâmbio está ligado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS, principalmente ao Objetivo 4 da Agenda 2030 que indica 'Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos' e ao Objetivo 15 'Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade'.

CRONOGRAMA 2020
Lançamento do Intercâmbio 25/05/20
Inscrições 25/05/20 a 05/06/20
Intercâmbio 01/07/20 a 31/07/20
Acesse o site: https://bio.institutojurumi.org.br/intercambio
No Mundo • Pandemia: Impactos positivos do isolamento social na natureza
Nos últimos dias, em meio às tristezas vividas em consequência da pandemia da COVID-19 por todo o mundo, algo positivo podemos observar: "o respiro" aliviado de um planeta bastante sofrido pelo descuido da humanidade e a recuperação da natureza. A diminuição da poluição atmosférica foi registrada em diversos locais do mundo como China, Espanha e São Paulo, por exemplo. Devido à redução do tráfego de automóveis e também à menor atividade industrial alguns gases como monóxido de carbono (CO), além de óxido nítrico (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2) sofreram consideráveis quedas. Além do Brasil, países como Reino Unido, França, Bélgica e Nova Zelândia registraram redução da poluição sonora causada pelos veículos e caminhões que percorrem as estradas sem pausas, além do mais a diminuição das embarcações nos oceanos tem proporcionado benefícios à diversas espécies de animais marinhos, que em geral, costumam produzir e liberar hormônios "desnecessários" e que influencia diretamente na reprodução desse grupo. A melhoria da qualidade da água também tem sido observada em muitos locais, um bom exemplo, são os canais de Veneza na Itália, que tem recebido espécies de água-viva que não têm precisado competir o espaço com as embarcações e em consequência da água clara é possível observar a presença de peixes e corais ainda vivos. Na Baía de Guanabara situada no Rio de Janeiro várias tartarugas foram flagradas nadando tranquilamente em águas cristalinas (o que é difícil observar no cotidiano). Outros exemplos de animais que estão se sentindo à vontade com o isolamento social: são macacos que tomaram as ruas da Tailândia, veados em Nara, no Japão e ovelhas, cavalos e javalis no interior da Itália.

Entrevista  Ecossistemas aquáticos, detritos foliares e água por Guilherme Sena
Graduado em Ciências Biológicas, Mestre em Biodiversidade e Uso de Recursos Naturais, atualmente, doutorando no departamento de Ecologia da Universidade de Brasília - UnB. Atua em temas relacionados ao processo de fragmentação de detritos foliares por larvas de insetos aquáticos, dinâmica de matéria orgânica em ecossistemas aquáticos, caracterização química e física de detritos foliares e mensuração da qualidade de água. Especificamente, os estudos estão concentrados na influência da quantidade e da qualidade de matéria orgânica para o processo de decomposição foliar em riachos florestados.


Suas atividades abordam detrito foliar, o que é isso e qual a importância?
Minha área de estudo dentro da Ecologia é a Limnologia (um ramo que estuda os fenômenos ecológicos de todas as águas continentais - sejam rios e/ou lagos [artificiais ou naturais]). E dentro da Limnologia, o meu campo é a decomposição de matéria orgânica em riachos de pequena ordem (são os riachos de menor volume de água e que se encontram na região mais elevada de um rio ou bacia hidrográfica logo após a nascente). E nessas regiões, há um maior adensamento vegetal da zona ripária (zona de transição entre o ambiente terrestre e aquático - no Cerrado é a fitofisionomia de Mata de Galeria), onde a copa das árvores sombreiam o riacho e dificultam a entrada de luz, diminuindo a produção primária nestes ambientes. Normalmente, a base de uma cadeia alimentar ou uma teia trófica são os produtores (as plantas ou no caso do ambiente aquático, as algas), que convertem a energia luminosa em energia química pela fotossíntese. Entretanto, nesses riachos de pequena ordem, com a pouca entrada luminosa, a principal fonte de energia acaba sendo a matéria orgânica (compostos que possuem carbono) que advém da própria zona ripária adjacente. O principal tipo de matéria orgânica é o detrito foliar, que são folhas senescentes (folhas mortas que caem das árvores) e entram no rio, ficam retidas pelas pedras, troncos e galhos, ficando disponíveis para o acesso dos organismos decompositores (principalmente fungos e microinvertebrados aquáticos). Com a atuação dos decompositores, a energia e os nutrientes conseguem ficar acessíveis para outros organismos aquáticos, formando assim, uma cadeia trófica marrom ( formada por organismos que não produzem seu próprio alimento).

Como iniciou o seu trabalho nessa área?
Na metade da minha graduação, eu comecei um estágio de Iniciação Científica do CNPq no laboratório de Ecologia Vegetal da UnB, acompanhando uma doutoranda à época (Emilia Braga, que é muito minha amiga). A tese dela foi sobre o efeito de Pinus (pinheiro, uma espécie exótica) no Cerrado). Para auxiliar Emilia, eu aprendi a realizar análises químicas das folhas de Pinus e do Cerrado que caem e formam a serrapilheira (o acúmulo de matéria orgânica no solo). Eu realizei essas análises no laboratório de Limnologia que já possuía a estrutura apropriada. Depois da minha graduação, como eu já tinha experiência em grande parte das análises químicas que são rotina do laboratório de Limnologia, o professor Dr. José Francisco, um dos responsáveis pelo laboratório, me convidou para ser bolsista de Apoio Técnico. Com o tempo me apaixonei pela área e mergulhei (literalmente muitas vezes) no estudo das águas.

Quais as descobertas durante o seu mestrado são mais interessantes e contribuíram para mudar a sua forma de perceber o mundo?
Durante a minha dissertação eu trabalhei com o efeito da quantidade e da qualidade de detritos foliares para o consumo de um invertebrado fragmentador (que atua no processo de decomposição foliar) e também com o efeito da adição de nitrogênio e fósforo em diferentes quantidades em água no consumo e na preferência alimentar de um invertebrado fragmentador. No meu primeiro capítulo eu queria avaliar se diferentes proporções de dois tipos detritos foliares com características químicas diferentes teria um efeito no consumo de larvas do gênero Phylloicus (um típico fragmentador da América Latina) oriundos de riachos da Amazônia e do Cerrado. E minha principal descoberta foi que uma maior quantidade de detritos foliares tem um efeito negativo no consumo das larvas de Phylloicus do Cerrado e que as larvas de ambos biomas preferem detritos que possuem maior conteúdo nutricional. No segundo capítulo, investiguei como o enriquecimento de nutrientes (até 10x mais que a concentração das águas do Cerrado) pode afetar o consumo e a preferência de consumo novamente de larvas do gênero Phylloicus, porém só do Cerrado. Uma das hipóteses foi que o enriquecimento poderia modificar o hábito alimentar das larvas, porém meus resultados mostraram que não houve um efeito da adição de nutrientes, demonstrando que para o Cerrado as características foliares são mais preponderantes para o processo de decomposição do que o enriquecimento nutricional.
O que está desenvolvendo agora? Vai continuar com abordagens sobre indicadores e qualidade?
Eu estou no momento desenvolvendo minha tese de doutorado. Sou doutorando em Ecologia pela UnB. Minha Tese vai continuar abordando as características químicas dos detritos foliares, porém vou aprofundar meus estudos em Estequiometria Ecológica, que é o estudo da relação do equilíbrio de energia e elementos químicos do organismos aquáticos e suas interações com o ecossistema. Concomitantemente, também atuo em consultorias técnicas de análise de qualidade de água, principalmente com a técnica de cromatografia iônica.

Sua trajetória também tem experiências com vírus de insetos, como foi esse trabalho?
Foi a minha primeira experiência com ciência de fato. Lembro-me de ficar bastante alegre no meu primeiro dia por estar fazendo ciência, sendo que só tinha lavado vidrarias (kkkk). Com a indicação de Jessica, uma amiga minha da graduação, que já fazia estágio na EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN), consegui uma reunião com a Dra. Elita, do laboratório de Virologia de Insetos. Após ser aprovado para meu primeiro estágio de Iniciação Científica/CNPq, comecei a trabalhar com a multiplicação de vírus. Meu trabalho na EMBRAPA CENARGEN foi avaliar se um vírus que era específico para uma espécie de larva de mariposa, poderia também ser utilizado como controle biológico de uma outra espécie de larva de mariposa. Ambas espécies de mariposas são pragas de culturas de milho. Meu trabalho demonstrou que embora não matasse a espécie não específica, afetava fortemente seu crescimento, podendo diminuir os danos econômicos dos produtores de milho. Como disse, essa foi minha primeira experiência com ciência e me ajudou bastante em trabalhar com a rotina laboratorial.

A vida na ciência tem muitos desafios, muitas vezes faltam recursos, equipamentos, tempo, dentre outros. Pensando nisso, e nas suas experiências, quais foram suas superações?
Como é de conhecimento de todos que embarcam nessa aventura de fazer ciência no Brasil, a falta de reconhecimento é algo bem difícil. No momento, a falta de recursos também dificulta bastante fazer ciência no país. Mesmo em momentos de recessão como a que vivemos, a história mostra que o investimento em ciência e educação são os impulsionadores de um país. Porém, infelizmente a falta de reconhecimento talvez faça que não vejam dessa forma aqui no Brasil. Não tive muitos percalços durante minha carreira acadêmica. Sempre tive ótimos conselhos de pesquisadores e pesquisadoras que me fizeram crescer não só academicamente, mas pessoalmente. A ciência me trouxe muitas oportunidades, principalmente conhecer lugares incríveis e pessoas maravilhosas que percorrem o mesmo caminho que eu, que compartilham da minha paixão pela ciência e que tenho grande prazer de serem minhas amigas. Como disse Newton: "Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes".

Lab  A técnica de uso de pratos coloridos para observar a composição de insetos.
As armadilhas coloridas são alternativa interessante para o controle de insetos. Com isso, para realizar esta técnica são utilizados pratos rasos de plástico e coloridos, contendo uma solução de água e detergente que serve para quebrar a tensão superficial da água. Este tipo de armadilha também é conhecido como armadilhas de Moericke ou Pantraps. Cada prato deve ser preenchido com aproximadamente 150 ml de água e 4-5 gotas de detergente . Os pratos devem ser dispostos no nível do solo em dois transectos, com intervalos de 10 metros entre si e permaneceram em campo por 24h, durante 3 dias consecutivos um esforço amostral de 72h. Após este período pode-se observar a composição de insetos. É uma forma de estudo de baixo custo e que pode render resultados interessantes. Importante: estudos com a biodiversidade precisam de autorização de órgãos competentes.
Natu • 2 • 27/05/2020 • Cobra-nariguda (Xenodon nattereri) Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Angélica Fujishima; Brenda Menezes; Conteúdo: Amanda Costa; Nathália Araújo; Fotografias: Cristiano Nogueira; Guilherme Sena.
 
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Comentários

Unknown disse…
Show. Belíssima!

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