Uma carreira dedicada ao Jornalismo Ambiental no Nordeste
Dois anos depois, porém, meu espírito de repórter levou-me de volta à redação do Diário do Nordeste, dessa vez como redatora. Foram mais 12 anos de Editoria de Cidade, aquela que ensina a fazer qualquer tipo de cobertura. Mas a minha afinidade com a área ambiental era enorme e, ao longo do tempo, essas pautas começaram a ser mais frequentes. Até que, em 2004, recebi a proposta de tocar a página Gestão Ambiental, no caderno de Negócios, trabalho que assumi paralelamente às outras atividades até a sua extinção, num enxugamento que ocorreu em 2016.
Neste meio tempo, alguns acontecimentos importantes foram me norteando cada vez mais ao Jornalismo Ambiental. Em 2002, enquanto diretora do Sindicato dos Jornalistas do Ceará, participei do Congresso da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em Manaus, onde assisti uma palestra do jornalista Roberto Villar Belmonte sobre a Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais (RBJA). Fiquei fascinada e passei a fazer parte.
Eu estava lá, no I Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, em 2005, em Santos. E de lá saí com a ideia do tema e de orientador da minha dissertação no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) na mesma UFC onde me graduei. Passei seis meses estudando e fui aprovada. Em 2008 me tornei mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
A essa altura, recebi um convite para integrar a equipe de Reportagem Especial do jornal. Foram anos maravilhosos em termos de trabalho, devo admitir. Tinha plantões na Editoria de Cidade e trabalho no Carnaval, mas eu amava o que fazia e fazia destes momentos um prazer à parte. Em 2010 veio o desafio de deixar a posição de redatora e ocupar o posto de editora. Os quatro anos que seguiram foram melhores ainda. A essa altura eu já estava convicta de que o melhor era investir em temas regionais e adotar uma postura positiva. E é a isso que eu devo 45 finais e premiações locais, regionais e nacionais, uma excelente forma de dar visibilidade ainda maior às questões socioambientais do Nordeste.
Em 2011, observando a movimentação do Jornalismo rumo ao meio digital, criei o blog da página de Gestão Ambiental. Preciso destacar que em 2012 fui selecionada pelo programa de bolsas da Earth Journalism Network (Ejnet) para cobrir a Rio + 20; e em 2015 fui convidada pelo Governo Francês para conhecer as ações ambientais e os preparativos para a COP-15. Mas, em 2014, após uma primeira grande mudança na redação do jornal, fui designada à editoria Regional, que tratava das questões do interior do Ceará. Mas, na grande reestruturação de convergência dos veículos do Sistema Verdes Mares (SVM), realizada em 2018, fui demitida assim como dezenas de colegas.
Confesso que por essa eu não esperava, que estava acomodada e encontrava felicidade no que fazia, apesar das adversidades. Pouco mais de um mês depois, de muitas conversas e reflexões sobre que rumo dar à minha carreira, criei a Agência de Conteúdo Eco Nordeste com a meta de continuar atuando no Jornalismo Ambiental, mas de forma completamente digital, tendo ainda como foco a região Nordeste. O desafio vem se mostrando maior do que eu imaginava, sobretudo pelo lado da sustentabilidade financeira. Mas continuo firme com o propósito de levar informação com consistência e credibilidade às pessoas. E ainda buscando uma forma de viabilizar. A proposta atraiu pessoas maravilhosas, colaboradores voluntários que hoje já são 15.
Maristela Crispim faz parte do Eco Nordeste (agenciaeconordeste.com.br), uma agência com a proposta de oferecer conteúdo diversificado sobre Sustentabilidade, considerando o tripé ambiental, social e econômico, a partir das muitas realidades da Região Nordeste do Brasil. Atua como editora na Eco Nordeste que aborda, dentre outros temas Agroecologia, Biodiversidade, Bioma Caatinga, Consumo Consciente, Convivência com o Semiárido, Energias Renováveis, Gestão de Recursos Hídricos, Gestão de Resíduos Sólidos, Populações Tradicionais, Responsabilidade Socioambiental, Tecnologias Sociais, Turismo.
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