Tamanduá-bandeira, natureza e biodiversidade!

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Na trilha  Frutos silvestres
Amanheceu um dia lindo e você está a fim de curtir um momento na natureza? Vamos aos primeiros passos que são importantes: coloque na mochila apenas o essencial, lembre-se de levar água e alimentos leves, agasalho caso a temperatura caia, boné ou chapéu, o protetor solar e se necessário repelente. Chegando no local, certamente você se deparará com muitas plantas e algumas delas com frutos (dependendo da época do ano). Não é recomendado a degustação de frutos silvestres. Ao menos que tenha certeza do que está comendo, jamais experimente por curiosidade, pois há espécies vegetais venenosas que podem causar desde um leve desconforto até complicações mais graves. Depois de comer o seu lanche, recolha o lixo e o deposite em local adequado. Natureza é isso: respeite totalmente, aprecie sem moderação e aproveite bem o dia!

A lobeira ou fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum) é um arbusto ou árvore que pertence à família das Solanaceae, a mesma do tomate. O fruto da lobeira lembra muito um tomate na aparência e faz parte da dieta do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) espécie de mamífero nativo. Essa relação é benéfica para as duas espécies, porque a planta se conta com a dispersão realizada por esse animal e ele, por sua vez, trata as verminoses que possui pelo potencial desses frutos ao consumi-los! Um bom exemplo de coevolução, quando duas espécies se beneficiam ao longo da história natural.
 

No Instituto  Aves da Janela
Com a  tecnologia sendo cada vez mais acessível, a participação de cidadãos em projetos de conservação tem crescido ao redor do mundo e possibilitando o acesso aos dados científicos em um curto espaço de tempo. Assim, toda a  comunidade é convidada a participar da pesquisa e a colaborar desde o início, proporcionando a coleta de dados com qualidade e incluindo populações locais, tornando toda a  informação mais democrática, e o conhecimento mais difundido. Desse modo, o projeto Aves da Janela atua em rede com pessoas interessadas em colaborar, por meio do envio de informações sobre as aves nas janelas das residências, uma atividade de ciência-cidadã.  Ao entrar em contato a equipe do projeto pode fornecer orientações e as pessoas podem ter um atendimento com informações científicas. O projeto está começando e já tem muitas colaborações. Acesse a página https://bio.institutojurumi.org.br/atividades/projeto/avesdajanela ou o perfil do projeto https://www.instagram.com/avesdajanela/ Tem aves na sua janela? A gente quer saber! 
No Mundo • Nuvem de gafanhotos
No fim do mês de junho foi possível observar a formação de uma nuvem de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata na América do Sul, mais precisamente na Argentina e Uruguai. No dia 24/06 eles estavam a 130 km do Rio Grande do Sul, Brasil. Essa nuvem de gafanhotos é um fenômeno muito prejudicial às lavouras e pastagens. Eles se alimentam da vegetação nativa ou plantada e até das florestas. Isso acontece por diversos motivos, até mesmo por um conjunto de fatores climáticos como temperatura, índice pluviométrico e dinâmica dos ventos. Segundo pesquisadores, os gafanhotos possuem um mecanismo genético chamado de gregarismo, que significa agregado. Então, quando estão em período reprodutivo é normal que se agreguem, e se encontram oferta de alimento, tudo se torna favorável para que aumente a população. Há registro desse fenômeno, que trouxeram muitos prejuízos para a Argentina, inclusive para Brasil, nas décadas de 1930, 40 e 60. 
Entrevista • Cactos do Brasil por Haissa Abreu
Graduada em Ciência Biológicas, com mestrado em Biodiversidade Tropical, tem experiências em coleções biológicas, especificamente as botânicas e também com  divulgação científica, eventos relacionados à ciência, objetivando sempre aproximar a ciência da sociedade. 


Fale sobre a importância da conservação de Cactos no Brasil?
Atualmente, podemos encontrar cerca de 470 espécies diferentes de cactos no Brasil. Essas espécies podem ocorrer naturalmente nos ambientes ou podem ser originárias de outros países e cultivadas no Brasil. De forma geral, os cactos produzem recursos alimentares para diversos animais como: pássaros, morcegos, lagartos, formigas e borboletas. Entretanto, devido a destruição dos ambientes em que ocorrem e a extração de plantas para comércio ilegal, muitas cactáceas do Brasil estão em risco de extinção e carecem de esforços de conservação a nível nacional.

Qual a importância ecológica da coroa-de-frade?
A coroa-de-frade (Melocactus violaceus) é um cacto globoso que pode ser encontrado nos biomas Mata Atlântica e Caatinga e produz recursos extremamente importantes para espécies de fauna. Os frutos são fontes de alimento para lagartos e o néctar das flores para beija-flores e formigas. Além desses recursos, o coroa-de-frade é considerado como indicador de qualidade ambiental, já que é uma espécie encontrada preferencialmente em ambientes mais preservados.

Qual a importância da divulgação científica no Brasil?
A divulgação científica é uma das principais ferramentas para encurtar a distância que existe entre a ciência e a sociedade. No Brasil, um país que apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta, é extremamente necessário dialogar com a sociedade sobre a importância da conservação. É através da divulgação científica que podemos, por exemplo, sensibilizar a população que as destruições das matas impactam diretamente em suas vidas. É nesse sentido que o pesquisador precisa trabalhar para demonstrar toda a importância das descobertas científicas.

No que a sua formação em Licenciatura em Biologia contribui para a sua vida como bióloga?
Ter a Licenciatura contribuiu para entender que toda a ciência produzida nos artigos científicos e nas instituições de pesquisa ficam extremamente restritas se não houver meios de descodificação dessas informações. Somente descodificando essa linguagem é que podemos avançar em processos de ensino-aprendizagem, seja na escola ou em espaços não formais.
Pela sua experiência, em qual faixa etária há mais resultado o ensino da educação ambiental?
Com todos os estágios de docência realizados nas duas graduações que possuo (Licenciatura e Bacharelado), acredito que os ensinos infantil e fundamental I são ideias para práticas de educação ambiental. Nesta idade, os estudantes se interessam muito em atividades interativas e que fogem um pouco da formalidade dos livros didáticos.

Qual o maior desafio para o desenvolvimento científico e sua divulgação na atualidade?
Vivemos em uma era de informações velozes e imediatas. No momento que necessitamos de uma pesquisa rápida, lá está a internet para nos oferecer diversas informações de diversas fontes. Dentro da minha experiência atual, um dos principais desafios do desenvolvimento científico e da sua divulgação estão ligados a “desmistificação” de informações errôneas e não confiáveis sobre a ciência no geral. Não menos importante, uma questão que impossibilita tanto o desenvolvimento científico quanto a divulgação, é a falta de investimento, público ou privado.

Quais os desafios de organizar eventos, congressos e afins?
Existem pelo menos 2 questões importantes e complexas de serem resolvidas em organizações de eventos. A primeira se refere a questões orçamentárias e que precisam de planejamento a atenção, principalmente para se obter sucesso em editais de fomento específicos para realização de eventos. A segunda se refere aos convites e contatos com palestrantes e colaboradores, pois são extremamente necessárias que as interações ocorram em tempo hábil e com pessoas que estejam em concordância com a proposta do evento. Partindo da resolução dessas principais problemáticas, é possível organizar um evento de sucesso.

Em um momento tão emblemático, gostaria de deixar alguma mensagem às pessoas?
Neste momento tão difícil, espero que todos fiquem bem, cuidem de si e dos seus. Assim como em outros momentos da história, iremos superar e nos tornaremos mais fortes. Acredito que alguns dos desdobramentos dessa crise seja repensar todos os valores e uso que fazemos com o planeta, já que o pouco que sabemos da pandemia até então refere-se à intervenção do homem na natureza.

Lab • Diafanização vegetal
A diafanização é uma técnica usada para deixar amostras biológicas semitransparentes. Na anatomia vegetal é utilizada a fim de estudar a venação/nervura foliar, epidermes e estruturas reprodutoras quando os aspectos macros, não ajudam na separação de espécies. Tem um papel muito importante na sistemática vegetal. Para a realização dessa atividade usam-se os seguintes materiais: hidróxido de sódio, hipoclorito de sódio, água destilada e corante/solução safranina, álcool etílico 70% e xilol.
Passo a passo: Pernoitar (~12h) as folhas em hidróxido de sódio a 10%, e em seguida mergulhadas em hipoclorito de sódio (diluída na proporção de 1:1) entre 1-4h. Após esse processo, lavar as folhas três vezes, com água destilada por de 20 min cada lavagem. Em seguidas (caso queira) as folhas podem ser coradas com safranina a 0,01%. Após a coloração é importante a desidratação em série etanólica crescente 10-100% e série com misturas contendo álcool etanóico 100 % + xilol (3:1, 1:1 e 3:1).
Referência: PEREIRA, Isabelle Mary Costa; COUTINHO, Italo Antonio Cotta. Diafanização Como Técnica na Confecção de Lâminas Permanentes. XXVI Encontro de Iniciação à Docência, v. 2 n. 1, 2017. Importante: estudos com a biodiversidade precisam de autorização de órgãos competentes. 
Natu • 4 • 27/07/2020 • Lobeira (Solanum lycocarpum) • Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Angélica Fujishima; Brenda Menezes; Conteúdo: Amanda Costa; Nathália Araújo. Fotografias Haissa Abreu; Eduardo Guimarães.

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Projeto Vida de Tamanduá (Myrmecophaga tridactyla).