Natu 6
Início da primavera do Cerrado: desabrochar das flores, chegada das chuvas e aumento da temperatura. Com o começo da época reprodutiva da maioria das árvores e plantas em geral, há um aumento da colônias de polinizadores, principalmente dos insetos como as abelhas, possibilitando chegar a um aumento na produção de até 95%. Atualmente, sabe-se que cerca de 2% das abelhas selvagens do planeta são responsáveis por 80% da polinização das culturas de todo o mundo. Sem polinização e sem abelhas, certamente teríamos problemas na produção e distribuição de alimentos em todo mundo. Bem-vinda primavera do Cerrado, vivamos com responsabilidade essa estação chuvosa, importante e produtiva para o nossa região. E se for ao campo, não retire as flores do local e não mate os insetos, eles estão lá e possuem um papel muito importante no equilíbrio do ecossistema. Seja consciente, respeite a natureza em qualquer época do ano.
O buriti (Mauritia flexuosa) que também pode ser chamado de miriti é uma palmeira ocorrente nas Veredas do Cerrado e amplamente distribuído em todo Brasil. Pode chegar a 30 metro de altura e seu diâmetro de caule a 50 cm. Sua floração ocorre de abril a agosto e seus frutos são ricos em vitamina C, saborosos, comestíveis e tem uma boa aceitação pela população local em receitas como bolos e geleias. A espécie também produz palmito, mas é pouco utilizado. A madeira e fibra de suas folhas são empregadas na confecção de artesanato.
No Instituto • Vamos conversar sobre Tamanduá?
A gente precisa ter espaços para falar sobre as nossas espécies para as pessoas interessadas. Nesse mês de setembro, com muitas datas que remetem à questão da Natureza, apresentamos o nosso próximo evento, o Congresso Tamanduá. Mais um Congresso? Sim, mas esse é bem especial. Gratuito, o Congresso é destinado a qualquer pessoa que queira saber mais sobre a espécie mascote do Instituto. Teremos palestras, minicursos, oficinas, concursos e atividades ao longo do mês de Novembro, mês de fundação do Instituto e também de celebração do Dia do Tamanduá que esse ano passa a ser realizado em 19/11. Assim, estudantes de graduação de qualquer curso, famílias, pessoas que gostam de conhecer mais sobre a natureza, nesse caso dessa espécie tão importante para nosso Instituto e pessoas interessadas no tema pode participar, conversar sobre tamanduás e ter um momento sobre natureza. As atividades dão direito a certificado para horas ou para colocar na sua pasta. Todas as atividades são virtuais, em horários alternativos e inscrições abertas ainda em Setembro. Participe dessa atividade mais que especial, um Congresso realizado pelo Jurumi para você.
No Mundo • Fogo na natureza do Brasil
Muito pontos do Brasil encontram-se em chamas. Muita matéria orgânica, baixa umidade, pouca chuva e ação antrópica criminosa são os responsáveis por tal acontecimento tão trágico. O fogo vem se alastrando nos biomas de forma tão rápida que até mesmo os animais que possuem habilidades para escapar, tem morrido carbonizados. Os incêndios florestais no Brasil cresceram drasticamente no ano de 2020, de acordo com Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As queimadas têm sido notícia em diversos locais e jornais do mundo: O francês Le Monde fez menção a “um verdadeiro desastre”, enquanto o espanhol El País destacou o ritmo recorre do fogo na Amazônia e o americano The New York Times apontou o desmatamento. Em paralelo, acontecem algumas campanhas feitas por voluntários para combater as chamas e resgatar os animais que ainda tem chances de vida.
Entrevista • As experiências de uma pesquisadora de Biologia por Fernanda Sá
Graduada em Ciências Biológicas, fez graduação sanduíche em Lisboa pelo programa Ciências Sem Fronteiras do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Mestra em Ecologia de Biomas Tropicais, é atual presidente da Waita Instituto de Pesquisa e Conservação, onde atuou durante um ano como bióloga pesquisadora, possui experiência nas áreas de comportamento animal, ecologia, educação ambiental, espeleologia e biodiversidade.
O WAITA surgiu com o objetivo principal de desenvolver projetos de pesquisa e conservação voltadas principalmente ao animais vítimas de tráfico. Temos também uma atuação muito forte de apoio ao CETAS de Belo Horizonte e estamos investindo esforços em educação ambiental.
Fala sobre os desafios enfrentados pelas Organizações de Conservação do Meio Ambiente.
O principal desafio que as instituições que trabalham em prol da conservação do meio ambiente enfrentam é a falta de recursos. Vários projetos importantes não conseguem ser executados justamente pela falta de verba. Isso é muito prejudicial para a conservação.
Quais os meios que a WAITA utiliza para a educação ambiental?
O WAITA utiliza diversos meio para realizar educação ambiental, seja através de palestras, cursos e eventos ou de ações desenvolvidas em ONGs que assistem crianças carentes e escolas públicas. Com as redes sociais, temos focado bastante também na divulgação científica.
O quanto sua experiência em sala de aula, tanto no ensino básico quanto no superior, te ajuda na sua posição atual de Presidente da WAITA?
A minha experiência em sala de aula me ajudou bastante principalmente a lidar e me comunicar com as pessoas. Tanto na gestão dos voluntários, que em sua grande maioria são estudantes, quanto ministrando palestras, fazendo lives e divulgando conteúdos em vídeo, essa minha experiência tem me ajudado bastante.
Qual a importância do estudo do comportamento animal no trabalho da WAITA?
O estudo do comportamento animal é fundamental pro trabalho do WAITA. Em nossas pesquisas em campo, o estudos de comportamento da espécie sempre está envolvida. Na nossa atuação dentro do CETAS, o conhecimento sobre o comportamento dos animais é imprevisível. Manejar animais exige o conhecimento de seu comportamento.
Pode relatar os maiores desafios no trabalho com animais vítimas de tráfico?
Nossa. São vários os desafios. O cenário de trabalho em si é muito triste e revoltante. Você tem sempre que se manter firme diante de milhares animais sendo brutalmente retirados da natureza. Isso é pesado. E a pior parte é lidar com a impunidade. Os mesmos traficantes são pegos várias vezes e soltos em seguida.
Quão importante foi a experiência de realizar a Graduação Sanduíche fora do Brasil?
Realizar Graduação Sanduíche foi sem dúvidas a experiência mais engrandecedora que já tive, pessoalmente e profissionalmente. Eu pude crescer muito com essa oportunidade, aprendi a lidar com adversidades e superar obstáculos. Voltei uma pessoa completamente diferente do que fui. Sou eternamente grata por tudo que vivi e por todos os ensinamentos que carrego na minha vida!
Como a espeleologia contribuiu para sua vida profissional?
A espeleologia foi minha primeira e grata experiência como pesquisadora e durou toda a minha graduação. Toda a minha base profissional, principalmente como pesquisadora vem da espeleo. A espeleo me apresentou a ciência de fato. Participei de muitos congressos. Fui premiada em alguns deles. Realizei minha primeira viagem internacional para apresentar meu trabalho em um congresso devido a espeleo. Foi um experiência incrível que, apesar de ter seguidos outros rumos, sinto imensa saudade!
E a sua experiência como pesquisadora, qual mais te marcou?
Como pesquisadora tive alguns momentos bem marcantes. A minha primeira viagem internacional para apresentar o meu trabalho, a soltura do primeiro tamanduá-mirim órfão da história pelo WAITA, o encontro dos Bicudos e poder auxiliar no plano de enriquecimento ambiental do primeiro grupo de Muriquis em cativeiro do mundo (MIB). Existem alguns momentos que realmente tocam a alma e mostram que estou no caminho certo.
Lab • Técnica de conservação de material botânico (exsicatas)
A prática de prensar e secar plantas tem sido utilizada há cerca de 500 anos, e graças à essa simples técnica a maior parte das características das plantas permanecem visíveis. As poucas características que se perdem (coloração, odores, altura da árvore, tipo de vegetação) devem ser anotadas em fichas e campo e então adicionados às etiquetas da exsicata. Elas são feitas com a finalidade de se ter o material botânico coletado em campo e destinado para estudos, comum em levantamento florístico para identificação de espécies. Para a realização de uma exsicata são necessários duas grades de madeira, placas de alumínio corrugado, papelão, jornais, o material vegetal coletado em campo e uma corda. Observação: Na coleta do material botânico é utilizado a tesoura de poda ou podão. Após a chegada do campo, em laboratório o material é colocado dentro de jornais e toma a forma definitiva para que possa ser estudado com clareza. Em seguida, os jornais com o material já organizado é intercalado com folhas de papelão. Posteriormente adiciona-se as placas de alumínio corrugado e as grades de madeira. Para finalizar todo o material é amarrado fortemente com a corda e colocado dentro da estufa para que seja seco. Depois de seco, o material é fixado em cartolina e papel pardo com toda a identificação necessária da espécie, coletor ou coletora e o local de coleta. Importante: estudos com coleta de biodiversidade precisam de autorização de órgãos competentes.
Visite o Reflora > reflora.jbrj.gov.brEspecial Cerrado • Receita de Buriti
No mês de comemoração do Cerrado, fica registrada a importância de conservação do bioma que sofre com perda e fragmentação contínua de habitats, como também receitas que utilizam frutos, como o buriti que pode ser consumido de forma consciente sem provocar danos à flora? Confira a seguir e bom apetite.
Risoto de buriti
Ingredientes
400g de arroz (arbório de preferência)
2 colheres (sopa) de manteiga
2 colheres (sopa) de azeite
1 copo de vinho branco
1 tablete de caldo de frango - de preferência feito em casa e livre de aditivos químicos
1 folha de louro
1,2 litro de água fervente
Creme:
250 g de lascas de buriti
1 e ½ kg de peito de frango desossado em pedaços médios
1 xícara (chá) de molho de tomate
sal a gosto
salsinha a gosto
1 cebola picada
1 lata de ervilha
parmesão ralado a gosto
1 tomate em cubos pequenos
1 colher (sopa) de manteiga
Como fazer
Como fazer: Dissolva o caldo na água fervente. Refogue o arroz na manteiga e azeite. Depois junte o vinho e mexa. Acrescente a folha de louro. Coloque uma concha da água fervente neste refogado e vá mexendo. Assim que perceber que o caldo secou, repita o procedimento. Faça isso por umas 5 vezes, nos primeiros 15 minutos. Espalhe este arroz, que ainda não está totalmente cozido, em uma travessa para interromper o cozimento. Reserve.
Creme: Refogue a cebola picada no azeite e em seguida coloque os pedaços de frango. Coloque um cálice de vinho e o molho de tomate. Tempere com a salsinha. Retire a folha de louro do arroz reservado. Quando o frango estiver cozido, acrescente o arroz reservado na panela junto com o frango.
Acrescente 3 conchas do caldo de frango e torne a mexer. Quando perceber que secou um pouco, repita a operação do caldo tantas vezes quantas forem necessárias até completar 7 a 8 minutos, ou você perceber que o arroz está totalmente cozido.
Você deve mexer o tempo todo para soltar o amido do arroz. O ponto do risoto é quando o arroz está cozido e levemente úmido. Desligue o fogo. Neste momento acrescente o tomate picado, a ervilha, a manteiga e o parmesão. Misture bem e sirva.
Iogurte de buriti
Ingredientes:
1 e ½ copo (americano) de leite
3 e ½ colheres (sopa) cheias de doce de buriti
1 litro de iogurte natural
250g de doce de buriti
Como fazer:
Bata tudo no liquidificador e leve para a geladeira. Sirva gelado.
Créditos Cerratinga
Natu • 6 • 28/09/2020 • Buriti (Mauritia flexuosa) • Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Nathália Araújo; Conteúdo: Amanda Costa; Angélica Fujishima; Brenda Menezes; Fotografias: Fernanda Sá; Receitas Cerratinga - Produção Sustentável e Consumo Consciente: www.cerratinga.org.br.
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