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O Encontro de Zoologia Médica - EZM, além de proporcionar informações pertinentes ao tema às pessoas interessadas, contribuiu para sanar algumas dúvidas, discutir curiosidades, conquistar novos estudantes, despertar interesse nesse campo tão vasto e importante, mas que ainda é pouco explorado e negligenciado no nosso país. A propósito, quem são os principais animais peçonhentos do Brasil? 

Diferentes de animais venenosos, os peçonhentos são aqueles que possuem alguma estrutura - que serve tanto para a alimentação quanto para defesa do animal - que permite a inoculação de toxinas. São estes: as serpentes, os escorpiões, as abelhas, as aranhas e alguns animais marinhos. O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do Planeta e definir uma lista de animais peçonhentos não é uma tarefa fácil, pois além dos nativos, existem os animais exóticos. É uma lista que está em constante atualização. Existem inúmeros sistemas de informações como: Sistema de Informações Hospitalares - SIH, Sistema de Informações sobre Mortalidade, Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - Sinitox e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan, além de artigos científicos, sites, institutos, livros e laboratórios de pesquisa que trabalham nessa linha e trazem os principais causadores de acidentes de interesse médico. Sugestões de leitura: Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica por João Luiz Costa Cardoso e Manual de Diagnóstico e Tratamento por Animais Peçonhentos por Ministério da Saúde - FUNASA.


As abelhas Apis mellifera são um exemplo de espécies invasoras, que estão por todos os biomas, e é uma das responsáveis por causar esse tipo de acidente. Em 2019 o soro antiapílico já estava nos testes finais e isso é um ganho para o nosso país. As aranhas como as armadeiras, viúvas-negras e aranhas-marrom estão no ranking dos acidentes mais graves e essa última pode até causar necrose. Os escorpiões principalmente o Tityus serrulatus e as lagartas do gênero Lonomia que ficam em troncos de árvores frutíferas também são bastante listados nos sistemas de informação. Os animais marinhos como raias, peixes, ouriços, caravelas são relevantes, muito subnotificados e de interesse médico, mas necessitam de mais estudos.


Sobre os acidentes ofídicos - causados por serpentes - os maiores problemas estão relacionados ao tempo decorrido entre o acidentes e o atendimento, a não procura de um hospital, e as condutas inadequadas. A falta de recursos também atinge as pessoas, e essa é uma realidade em várias regiões do país. Os principais acometidos residentes em áreas mais afastadas são agricultores, crianças e moradores de florestas. Em certa região da Amazônia, os pesquisadores também enfrentam dificuldades no estudo com esses animais. Estes, vão de encontro com as serpentes na mata, entrevistam os moradores e coletam dados com acidentes ofídicos nos atendimentos registrados em hospitais da região. É um trabalho feito em equipe. As espécies Bothrops atrox, Bothrops bilineatus, Micrurus sp. e Lachesis muta são frequentes e mais causadoras de acidentes nessa região. E acredite, existem pacientes nessa que já foram picados mais de onze vezes em toda vida.


Muitos dos acidentes são falta de atenção das pessoas, pois os animais estão camuflados, às vezes, descansando. Então, é necessário ter atenção para que isso não ocorra. As serpentes que mais causam acidentes no Brasil são com jararacas, cascavéis, surucucu e as corais. As jararacas possuem veneno com atividade inflamatória, coagulante e hemorrágica. Nas cascavéis o veneno possui atividade neurotóxica, miotóxica e coagulante. Já o veneno das surucucus possuem atividade inflamatória, coagulante, hemorrágica e neurotóxica. Por fim, as corais o veneno têm atividade neurotóxica. A Organização Mundial de Saúde - OMS, incluiu, esses acidentes no grupo das Doenças Tropicais Negligenciadas - DTNs, principalmente por acometer comunidades mais pobres e marginalizadas, em geral, jovens, do gênero masculino e que reside em área rural. Esse tipo de acidente acontecem mais na época quente e chuvosa. Vale ressaltar que serpentes não peçonhentas também causam acidentes e são de interesse médico, pois possui sintomatologia parecida com as peçonhentas. Um exemplo dessas é a Philodryas olfersii.

Por tudo isso são necessários mais estudos nessa área, assim como programas de educação ambiental para conscientização da população para que conhecendo sobre estes animais saibam se proteger, notificar os acidentes  e conservar as espécies. 

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