Natu 8
Na trilha • Sinalização de trilhas (rede de trilhas)
Você conhece a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade ou simplesmente Rede de Trilhas? O Manual é responsável pela identificação visual que deve ser observada em todas as trilhas. Há cerca de quinze tipos de sinalização em trilhas, dentre elas a sinalização de entrada de trilha que devem ser bilíngues (português e inglês) e conter informações gerais do percurso como: duração, distância, nível de exigência física, atrativos ao longo do percurso, informações de segurança, uma lista de contatos (administração da unidade, bombeiro, polícia, SAMU, etc.). Há também a sinalização educativa/regulatória que serve para estimular um determinado comportamento ao visitante. Mas, como assim? Ela pode informar um perigo, por exemplo, então o objetivo é induzir alguma conduta ou estabelecer a proibição de algumas ações. As informações educativa/regulatória devem ser passada com o uso de pictogramas padronizados de interpretação universal e com frases curtas e diretas, evitando-se textos longos. Para a realização da sinalização, é preciso seguir uma padronização nacional, mas possibilitando a identificação local, respeitando e valorizando as particularidades de cada parque e unidade de conservação. Parques federais, estaduais e municipais da Rede Trilhas devem receber essa sinalização padronizada. São mais de 18 mil km de caminhos que serão conectados nos próximos anos. A promoção da conservação da biodiversidade também é uma ideia dessa rede de trilhas de longo curso. Para os amantes das trilhas, vale a pena se inteirar mais sobre esse assunto, acesse: Manual de Sinalização Unidades de Conservação Federais do Brasil
Além de tudo, a sinalização das trilhas ainda carrega outros pontos positivos: a possibilidade de aumentar o ecoturismo em parques e unidades de conservação e com isso, incentivar à conservação da biodiversidade. Caminhos bem definidos e planejados diminuem a degradação ambiental e evita contratempos e acidentes aos visitantes e à natureza.
Siga as pegadas e boa trilha!
Sempre-viva ou chuveirinho é uma das plantas símbolo do Cerrado. Possui um tamanho avantajado em relação às outras espécies da família Eriocaulaceae, podendo medir de 1 a 2 metros de altura. Ocorre em grande parte do território nacional e em alguns países da América do Sul, mais precisamente em veredas, cerrado rupestre, cerrado, campo sujo e limpo. Possui uma inflorescência como umbrelas e isso é importante no entendimento da filogenia e taxonomia, não só dessa espécie mas de outras do gênero Paepalanthus. Sua época de floração é de março a julho e é polinizada por moscas e besouros. É considerada importante na economia para a população local, por isso, há experimentos para plantios comerciais com o intuito de conservar a espécie e diminuir o impacto causado devido ao fogo, garimpo, mineração, extrativismo e artesanato desordenado. Grande parte da população já não é encontrada fora de áreas protegidas das unidades de conservação.
No Instituto • ESCN
Você já ouviu falar na ESCN? É a Escola de Conservação da Natureza - ESCN do Instituto Jurumi. Através de cursos e treinamentos recebemos estudantes de cursos técnicos, graduação, professores de ensino básico e demais pessoas interessadas nos temas de conservação da natureza. Cada atividade realizada gera créditos que podem ser acumulados no banco individual de créditos escolares. Você poderá receber certificação por curso, ou de acordo com uma das áreas que tenha interesse na Escola. Dessa maneira, a ESCN atende a uma das finalidades do Instituto: 'desenvolver treinamento de profissionais com ênfase em biologia da conservação e eventos que promovam as ciências biológicas e a cultura'. A ESCN é uma oportunidade para você que quer e precisa se aperfeiçoar, aprimorar o currículo ou para você que é simplesmente apaixonado(a) pela natureza e deseja estar inteirado sobre essa temática. Se quiser, sinta-se à vontade para deixar sua sugestão sobre quais cursos você gostaria que fossem ofertados pela ESCN: sugestão-de-cursos. Também pode entrar em contato para receber informações de novos cursos e agenda para 2021.
No Mundo • As asas das cigarras: Inspiração na natureza e esperança para o futuro
Você sabia que as asas das cigarras são autolimpantes e podem ser surpreendentes na prevenção de infecções microbianas? Foi publicado na Nature Reviews Microbiology, cientistas que estão estudando como as asas das cigarras, que são portadoras de pontas que podem perfurar uma bactéria, poderiam ser eficazes para outras cepas de bactérias e até mesmo para vírus como o coronavírus. A sugestão é que seria uma excelente ideia se pudéssemos cobrir as áreas mais críticas dos quartos de hospitais com essa textura pontiaguda e com isso, freássemos a disseminação de bactérias que são resistentes a antibióticos, antes mesmo que elas pudessem infectar o corpo humano. Assim como as bactérias não conseguem fixar-se nas asas das cigarras, não conseguiriam estabelecer-se e propagar-se nessas superfícies nos quartos de hospitais. É uma abordagem ecologicamente correta, verde. Até então, necessita-se de estudo em como poderíamos matar e remover os micro organismos dessas superfícies sem a utilização de agentes químicos ou antibióticos. As pesquisas encontram-se em andamento. Buscar inspiração na natureza pode ser um elo poderoso para a resolução de problemas como esses.
Entrevista • Divulgação da Biodiversidade por João Pedro
Estudante de Bacharelado de Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ), faz Iniciação Científica no Laboratório de Ecologia Aquática (Limnologia) sob orientação da Profª. Francisco Esteves. Trabalha no Projeto IURUKUÁ: Educação ambiental e conservação de tartarugas marinhas, no qual realiza ações de extensão e divulgação científica para alunos da região Norte Fluminense e também no projeto Vivenciar de educação ambiental na Restinga do Barreto (Macaé - RJ). Também colabora na divulgação da Biodiversidade nas redes sociais.
Uma experiência sensacional que me fez abrir os olhos para questões que antes não imaginava. Saber e descobrir ainda mais que a qualidade dos corpos d'água são essenciais para a nossa própria qualidade de vida. Nos faz querer cada vez mais lutar e querer preservar esses ambientes que são importantes para todas as forma de vida.
E sua experiência com Educação ambiental e conservação de tartarugas marinhas?
Um trabalho sensacional. Junto com o orientador Vinícius Albano que comanda o projeto e faz um trabalho sensacional, fazemos um trabalho de educação ambiental dos ambientes marinhos, falando da tartarugas marinhas do Brasil. Recebemos centenas de crianças das escolas da região e fazemos também trabalhos na praias da região, visando a conservação e divulgação desses animais e do ambiente.
Pode contar mais sobre mediação entre uma unidade de conservação e a população local?
Um trabalho sensacional em um ambiente de restinga. O Parque da Restinga do Barreto também recebe centenas de crianças das escolas da região por mês. Fazemos um tour pelo parque com essas crianças e professores que as acompanham, e explicando a importância da restinga e todo o ambiente. São trabalhos importantíssimos pois conseguimos assim ligar a população local a ambientes locais, fazendo que as pessoas se sintam realmente bem um ambiente natural perto de casa.
E sobre as redes sociais, como tem sido a interação a favor da biodiversidade?
Muitos pontos positivos. Divulgar nossa fauna é algo que eu sinto que faltava um pouco. Se você chegar pra uma pessoa aleatória e pedir pra ela falar animais que vem a cabeça, provavelmente ela falará ''leão, elefante, tigre..''. O Brasil que possui a maior biodiversidade do planeta, às vezes nem lembrado é. Isso me deixa preocupado, por que quando não conhecemos, não nos importamos de perder. Então conhecer a nossa biodiversidade é o primeiro passo para preservá-la. Foi o que me motivou a começar esse trabalho, onde hoje eu considero que colho bons frutos.
O que aprendeu com os canais sociais em relação a divulgação?
Que as coisas não são tão simples como parecem. Fazer divulgação científica é um processo muito trabalhoso. Passei a valorizar mais os divulgadores que eu me inspiro, pois mesmo eu sendo um pontinho muito pequeno ainda nesse ramo, já vi como é difícil. Requer muita vontade, pois muitas vezes lidamos com negacionistas que já vem com viés ideológico pra cima de você, e isso requer paciência.
O que você considera que precisa acontecer para desenvolver mais a aproximação das pessoas com a ciência?
Esse é um processo longo, mas o primeiro passo deve vir da própria academia. Devemos descer do pedestal que ficamos, isolados em uma bolha de conhecimento que muita das vezes não chega a sociedade. Devemos melhorar o diálogo. A linguagem científica é muita das vezes super complicada, complexa para a população. Fazer com a ciência fique interessante, porque nós que conhecemos um pouco mais de perto sabemos como tudo isso é incrível e fascinante, transmitir isso para outros já é um pouco mais complicado. Temos também que aos pouco desfazer a imagem que cientista é uma pessoa com jaleco branco em um laboratório. Cientistas são cidadãos comuns, como qualquer outro. A academia não deve ser a parte da sociedade, deve estar integrada a ela.
Para quem ainda não conseguiu ter experiências ou ainda não sabe o que fazer na Biologia, o que você pode dizer?
Procure o que te agrada, vá atrás do que você quer pra sua vida. Sabemos como essa área é desvalorizada no nosso país. Estude e vá atrás, você com certeza será um excelente profissional e precisamos MUITO de você com a gente pra divulgar a maravilha que é a vida!
Lab • Técnica de germinação de sementes em diferentes temperaturas para teste de viabilidade
A germinação de sementes é um processo complexo e depende de diversos fatores, como temperatura, luz, água e composição de gases na atmosfera. O efeito da temperatura sobre a germinação tem especial importância para a ecologia de populações. Estudos sobre a influência da temperatura na germinação das sementes são essenciais para entender os aspectos ecofisiológicos e bioquímicos desse processo. Para a técnica de germinação de sementes em diferentes temperaturas para testar sua viabilidade, são utilizadas sementes que foram colocadas para secar ao ar livre por 15 dias, em seguida acondicionadas em sacos de papel Kraft, algodão e plástico transparente permeável, em câmara fria e seca (15°C e 40% de UR). A viabilidade das sementes é testada pelo acompanhamento durante 30 dias do processo germinativo em câmaras de germinação do tipo B.O.D. (TECNAL; TE-4013) com temperaturas constante de 25oC e alternada de 20-30oC em placas de Petri de 9cm, duas folhas de papel filtro em cada placa e com 5 a 10 ml de água destilada aproximadamente. Cada ensaio utiliza 100 sementes, sendo dividido em 20 sementes por placa, para cada espécie. Pode-se testar a viabilidade de sementes de uma única espécie ou mais. As sementes são consideradas germinadas quando apresentam comprimento radicular maior ou igual a 2mm. É importante enfatizar que todo esse procedimento deve ser realizado em uma ambiente esterilizado e com uso de EPI’s para que se evite ao máximo contaminar as amostras. Apesar disso, pode ocorrer de algumas sementes fungarem, não germinarem. O acompanhamento é realizado diariamente no mesmo horário e toda observação realizada é anotada em uma planilha para controle. Este tipo de teste de germinação pode auxiliar na recuperação de áreas degradadas do Cerrado, por exemplo.
Nossos resíduos • Aterro sanitários
Os aterros sanitários constituem uma forma de disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. Os aterros sanitários utilizam conceitos da engenharia para garantir a segurança desse sistema, tanto para a saúde pública quanto para o meio ambiente. Dessa forma, devem ser cumpridos critérios como: impermeabilização de base, sistema de cobertura dos resíduos, drenagem dos líquidos e gases gerados na decomposição dos resíduos e tratamento dos lixiviados. Os aterros sanitários podem ser implementados com ou sem geração de energia. O aproveitamento energético em aterros ocorre a partir do biogás gerado pela decomposição anaeróbia dos resíduos. Apesar de ser pensado como alternativa para os rejeitos, os aterros sanitários são a tecnologia mais difundida de destinação dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, no entanto, possui uma vida útil limitada, de apenas 20 a 30 anos. Também constitui um passivo ambiental que deve ser monitorado e gerenciado mesmo após a sua desativação, ou seja, possui ciclo de vida longo tornando-se uma opção onerosa. Diante das tecnologias disponíveis para o tratamento dos resíduos sólidos e também pela perspectiva do gerenciamento integrado, o uso intensivo dos aterros sanitários como opção de destinação futura é resultado da ineficiência do poder público em gerir nossos resíduos.
Natu • 8 • 15/11/2020 • Sempre-viva (Paepalanthus giganteus) • Redação • Direção: Rodrigo Viana Edição: Nathália Araújo; Conteúdo: Amanda Costa; Angélica Fujishima; Brenda Menezes; Fotografia: João Pedro.
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