Tamanduá-bandeira, natureza e biodiversidade!

Natu 9


Na trilha • Trilha inclusiva: um banho de floresta ao alcance de todos 
Você já ouviu falar em Trilhas Inclusivas? Pois bem, acredite… essa prática já é existente, tanto no Brasil como no exterior. É um avanço incrível da acessibilidade e muito justa às pessoas e à natureza, diante da imensidão verde e das águas cristalinas, da diversidade de espécies vegetais e animais que ocorrem nos ecossistemas terrestres e aquáticos. Além disso, essa prática pode ser utilizada como estratégia para a conservação da natureza. É um processo que vem sendo implantado aos poucos, e tem dado certo. É possível encontrar trilhas inclusivas para deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida em várias unidades de conservação. 

No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, localizado na cidade de Alta Paraíso - GO que conta com uma trilha suspensa, possibilitando as pessoas chegarem perto das cachoeiras e tomar um bom banho. No Parque Nacional da Tijuca - Rio de Janeiro,, há uma trilha adaptada que proporciona um passeio único em meio às espécies nativas da Mata Atlântica como Pau-ferro e Jequitibá. O Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, oferece passarelas suspensas e decks acessíveis que oportuniza o visitante a tomar um refrescante banho de mar, entre outras atividades. Na Reserva Biológica União, existe uma trilha interpretativa com placas, além de outros equipamentos que podem auxiliar pessoas com diversas deficiências observar todos os seus sentidos. O Parque Nacional do Iguaçu oferece transporte e passeio de barco aos cadeirantes para conhecer as cataratas bem de pertinho. A Floresta Nacional de Brasília vem trabalhando com trilhas interpretativas e inclusivas em meio ao Cerrado brasileiro, que viabiliza aos visitantes conhecer a flora endêmica, avistar as aves e outros animais ocorrentes na floresta. 
Existem diversos planejamentos para outras UCs que vão além das trilhas inclusivas, mas também oferecer outros espaços de convivência para contato com a natureza. Há pouco mais de um ano, o Parque Nacional de Turismo Cerro Ñielol no Chile, inaugurou uma trilha inclusiva para deficientes físicos e visuais. Essa atividade é vista como uma ‘terapia florestal’, pois, proporciona aos visitantes um encontro único com a natureza. Aos deficientes visuais é possível tocar nas árvores, sentir a textura dos troncos e folhas, ouvir o silêncio da floresta e ao mesmo tempo o canto dos pássaros. 
Legal, não é? Siga as pegadas e boa trilha!


Os cupins são insetos eussociais, ocorrem em ambientes terrestres tropicais, são abundantes e possuem um papel importante na integridade dos ecossistemas, pois, são consumidores primário e decompositores de matéria vegetal e participam da ciclagem de nutrientes do solo. Também servem de alimento para outros animais. Existem cerca de 2.900 espécies descritas atualmente, separadas em sete famílias. Desse total, cerca de 300 ocorrem no Brasil. A sociedade dos cupins é dividida em castas. A casta estéril sendo operários e soldados; os primeiros são encarregados pela busca de alimento, o segundo pela defesa Já a casta fértil é composta pelo rei e rainha, responsáveis pelas atividades reprodutivas. Saiba mais sobre cupins Wikitermes!
   

No Instituto • Mentorias pela natureza  
O Instituto vai abrir oportunidade para participar de mentoria para estudantes com interesse em projetos sobre biodiversidade, com base em experiências práticas e reais. As mentorias são momentos de interação que proporcionam aprendizados envolvendo pessoas mais experientes e pessoas em iniciação ou com dúvidas e questões para buscar soluções e oportunidades. Assim, nas mentorias do Instituto as atividades terão como base questões associadas à natureza. Serão abordados temas do Instituto, como Água, Caatinga e Cerrado, além de assuntos como boas práticas e abordagem de técnicas. Além dessa abordagem, as mentorias também pretendem abordar o uso de ferramentas, mecanismos básicos para melhorar desempenhos e impulsionar ideias. Em outras palavras, é uma possibilidade de entender como as coisas funcionam e como elas podem ser melhoradas, com foco num objetivo e considerando as dificuldades de uma trajetória. As primeiras turmas estão previstas para o período próximo de férias de 2021, de forma virtual e gratuita, com certificado de participação. Para fazer a pré-inscrição, basta entrar em contato com o Instituto por e-mail ou nas redes sociais. Venha fazer parte dessas experiências!  


No Mundo • Meia tonelada de peixes mortos em praia brasileira 
Cerca de meia tonelada de peixes encontrados mortos na margem do Rio Santo Antônio, na Barra de Santo Antônio, Região Metropolitana de Maceió. A quantidade de peixes encontrada equivale a uma extensão de cerca de 2 km de praia. O caso ocorreu na Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa dos Corais, que seria considerada a maior unidade de conservação federal da marinha costeira do Brasil. Peixes de cinco espécies foram afetados, Arenque, Carapeba, Bagre, Arraia e Xerelepe. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) informou que está acompanhando o caso e que a causa da morte dos peixes é inconclusiva, podendo ser desde poluição até hidrodinâmica, quando há mudança no nível do rio. Mesmo tendo fortes indícios de poluição, ainda é cedo determinar o que seria a causa da morte dos peixes. Problemas como esse de mortandade de peixes mostra sérios problemas ambientais em rios ou em lagos. Problemas esses que podem ameaçar a saúde humana quando a morte é relacionada à presença de substâncias químicas tóxicas e também a danos graves ao ecossistema e recursos pesqueiros.



Entrevista • O biólogo e seus diversos caminhos por Gustavo Figueiroa 
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Já trabalhou com criação de serpentes em cativeiro no Instituto Butantan, como consultor ambiental na Mata Atlântica e Cerrado, Atuou como voluntário na África do Sul com conservação de grandes mamíferos em cativeiro, e no Pantanal brasileiro, como biólogo de campo na conservação de onças-pintadas. Possui experiência em zoologia (herpetofauna e mastofauna), com ênfase em conservação e manejo de fauna em cativeiro e em vida livre. E trabalha como gestor de um parque.


Quão importante foi o seu estágio voluntário na África para o seu crescimento pessoal? 
Foi um divisor de águas na minha vida, tanto profissional quanto pessoal. Lá eu vivi e aprendi na prática o que é trabalhar com conservação, com espécies ameaçadas e reabilitação de fauna. Ganhei experiência profissional e foi o que me abriu portas para outros trabalhos na áreas.

Em relação ao seu trabalho realizado no Instituto Butantan e os casos de serpentes peçonhentas, até mesmo exóticas, que foram noticiados nos últimos meses no Brasil, qual o manejo dessas serpentes depois que são recebidas no Instituto?
No Laboratório de Herpetologia, onde eu estagiei, as serpentes nativas, que são de interesse para produção de veneno, são triadas, quarentenadas e mantidas em cativeiro para pesquisas e extração de peçonha. Elas são medicadas e vermifugadas para garantir que não passem nenhuma doença para as outras que já estão no plantel. 

Qual o papel de um gestor de parque?
O gestor tem um papel de coordenar as ações que envolvem a manutenção, a proteção e as melhorias da unidade. É papel do gestor fazer a articulação com a comunidade no entorno ou dentro do parque e com os órgãos públicos, fiscalizar as áreas do parque e repassar as demandas para os órgãos competentes (polícia ambiental, secretaria do meio ambiente ou outros órgãos que ajudam o gestor na manutenção da unidade), assim como resolver burocracias e lidar com a gestão dos prestadores de serviços que atuam no parque. 

Como um consultor ambiental atua para a preservação da natureza?
O consultor atua no levantamento e monitoramento de fauna, principalmente em empreendimentos que de alguma maneira afetam o meio ambiente. Cabe ao consultor estudar a fauna, entender quais as ameaças e os danos ambientais que um projeto pode causar ao ser implantado, apontando as melhores ações para viabilizar o empreendimento com o menor impacto possível. Consultores também atuam no resgate e afugentamento de fauna, ajudando a prevenir uma perda maior e biodiversidade em áreas que estão sendo impactadas pelo homem. Todas essas ações, se seguidas pelas empresas contratantes, ajudam no desenvolvimento com menor impacto para a natureza.

Para você que já esteve fora do Brasil, quais as diferenças que você nota em relação ao pensamento sobre a conservação da natureza entre brasileiros e estrangeiros?
Depende do país. Na África do Sul, por exemplo, eles veem a fauna e a natureza preservada como grande aliada para a economia, pois o mercado do ecoturismo é uma grande fonte de renda para o país. Por isso, vi muito respeito aos animais por lá. Já na Indonésia e Tailândia, percebi que a natureza é apreciada, mas tratada como um mero objeto, sem muito respeito. São poucos os lugares por lá que entendem a importância da biodiversidade para a sobrevivência não só econômica, mas ambiental. Há muito lixo em lugares paradisíacos, e pouca conscientização sobre os aspectos ambientais. O Brasil é um misto de ambos, dependendo da região. Vejo muitos lugares que respeitam a natureza e entendem sua importância, assim como lugares em que o meio ambiente é completamente negligenciado.

Você trabalhou no pantanal com a conservação de onças-pintadas. Qual a sua maior preocupação para com esse animal nas atuais condições deste bioma que se encontra em sério risco por conta das queimadas?
As onças-pintadas são animais topo de cadeia, que dependem de um ambiente estável e saudável para prosperarem. Com as queimadas, grande parte dessa cadeia é perdida com os animais que morrem. Isso impacta diretamente as onças na disponibilidade de alimento. Elas tendem a buscar alimento em outras áreas, onde já existem outras onças, podendo ainda gerar um conflito entre esses predadores.

O que te motiva a continuar lutando da profissão de biólogo em um país em que a ciência, pesquisa e educação têm sido tão negligenciadas?
Saber que se nós não fizermos, ninguém mais vai fazer. Aqui no caso nem digo só biólogos, pois muitos outros profissionais e até leigos no assunto, se engajam muito nas causas ambientais. Mas se nós desistirmos, o cenário tende a ficar ainda pior, por isso, desistir não é uma opção.

Qual foi sua situação mais marcante na vida como biólogo? Algo que você irá lembrar para o resto de sua vida como profissional.
Quando eu trabalhava no Onçafari e morava no Pantanal, monitorávamos uma onça-pintada com seus 3 filhotes que começavam a virar jovens. Acompanhamos durante algumas semanas essa mãe ensinando seus filhotes a caçarem. Até que em um dia, passamos mais de 3 horas ao lado dessa mãe e seus filhotes, que chegaram bem próximos ao carro, curiosos. Nesse dia nós descobrimos o sexo dos 3 filhotes (que a equipe ainda não sabia) e eu tirei uma foto de uma das fêmeas (a Savana), que acabou virando uma tatuagem (tatuei essa foto na minha perna no começo deste ano). Foram 3 horas literalmente imersos no universo do maior felino das Américas, foi sensacional.

Lab • O sapo não lava o pé. 
Sapos são animais de pequeno porte que fazem parte da ordem Anura, que inclui mais de 5 mil pererecas, rãs e sapos, sendo esses de vida intimamente ligada à água por conta de seu tipo de respiração e reprodução. Mas, como são amostrados os anuros para pesquisas científicas? Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas. Porém, a mais utilizada mesmo é a busca ativa, ou seja, caça aos sapos, pererecas e rãs, também conhecida num linguajar mais técnico como sapear. Geralmente, durante a noite, quando esses seres estão mais ativos, pesquisadores saem para procurar os animais na beira de lagos ou cursos d’água. Quando encontrados, eles são pesados, medidos, em alguns casos etiquetados e soltos, em outros casos levados para mais análises em laboratório. Importante: estudos com a biodiversidade precisam de autorização de órgãos competentes.

Nossos resíduos • Gerenciamento integrado de Resíduos Sólidos  
A geração de resíduos pela humanidade tem ocorrido desde quando os homens deixaram de ser nômades e passaram a viver em comunidades e, daí em diante, só tem aumentado. Isso porque a população mundial cresceu, a economia expandiu e diversificou, houve rápida urbanização e aumento do consumo. Em tempos remotos, a quantidade gerada era menor e constituída principalmente de lixo orgânico, possibilitando com maior facilidade que fossem assimilados sem prejudicar o meio ambiente. Agora, soluções simples não são mais apropriadas para tratar a complexa gestão dos resíduos, por isso, é essencial que uma combinação de tecnologias seja adotada, em uma perspectiva de recuperação de materiais, políticas e programas de gestão do fluxo de resíduos, considerando as particularidades locais, e isso é o que chamamos de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Desse ponto de vista, o gerenciamento de resíduos passa de uma visão simplória voltada apenas para coleta e disposição final e incorpora a economia de ciclos fechados e uma hierarquia, em que a opção prioritária é a não-geração de resíduos. Nesse sentido, a participação da população é fundamental, com escolhas mais conscientes e responsáveis.

Natu • 9 • 10/12/2020 • Cupim-de-monte (Cornitermes cumulans) • Redação Instituto Jurumi • Direção: Rodrigo Viana Edição: Nathália Araújo; Conteúdo: Amanda Costa; Angélica Fujishima; Brenda Menezes Fotografias: Gustavo Figueiroa; Tiago Carrijo.

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