Natu 10
Na trilha • Equipamentos básicos para atividades
A atividade de trilha ou trekking é reconhecida mundialmente como um esporte causador de grandes emoções e recompensas. Contemplar o nascer ou pôr-do-sol, sentir o vento ou a chuva, ouvir o canto das aves ou simples balançar das árvores: não tem preço. Entretanto, para realizá-lo com segurança e conforto, é necessário levar em consideração fatores climáticos, assim como o nível de dificuldade dessa trilha e o tempo que pretende-se usar para realizar essa atividade, e então, selecionar os equipamentos que serão usados.
Para começar, selecione com responsabilidade o calçado que irá usar, ele precisa estar maleável para o seu próprio conforto e não esqueça das meias. Quanto às roupas, é recomendável calça com tecido mais grosso e blusa ou camisa de manga longa, chapéu ou boné para proteção do sol e de insetos. Independente do clima é necessário beber água para ficar hidratado durante a atividade e manter a saúde, para isso leve uma garrafa, cantil ou camelbak - esse último vem com canudo e facilita a ingestão do líquido. Leve uma mochila com lanterna, capa de chuva (dependendo da época), agasalho para frio, repelente, filtro solar e alimentos saudáveis como: frutas, cereais, sanduíches leves e doces para ajudar na manutenção do nível glicêmico.
Em caso de pernoite, é necessário além dos itens acima, levar barraca, colchonete e/ou saco de dormir. Tenha atenção ao escolher a barraca, lembre-se que além do seu espaço para dormir, é preciso guardar suas coisas. Então, não pode ser muito pequena e nem muito grande. Dependendo do local, é interessante dormir com o saco de dormir fora da barraca, pois há possibilidade de contemplar as estrelas, mas estará à gosto de cada participante. Depois desse checklist, está pronto para trilhar. Por onde passar, respeite a natureza!
Bônus
Você sabe o que é uma Unidade de Conservação (UC)? Em linhas gerais, é uma grande área com seus recursos naturais, incluindo fauna, flora e cursos d'água, sob regime especial de administração, no qual se aplicam garantias adequadas de proteção. No Brasil, há mais de 2 mil Unidades de Conservação, dotadas de uma grande importância ecológica, econômica e de uma natureza única, exuberante e encantadora. A UC da vez, é a Floresta Nacional de Brasília que está localizada na BR 070, na cidade satélite de Taguatinga Norte, no Distrito Federal. É uma unidade de conservação de uso sustentável, ou seja, possui áreas com fragmentos de Cerrado com flora nativa e áreas com plantios de exóticas como Pinus sp. e Eucalyptus sp. O espaço ainda conta com trilha interpretativa e espaço meditação, onde é possível sentar embaixo das árvores para observar e ouvir a natureza. Além disso, possui trilhas ecológicas e para ciclistas. Nessa unidade é possível avistar grupos de animais como avifauna, herpeto e mastofauna. O horário de funcionamento é das 8h às 17h. Entrada gratuita.
Se ainda não conhece, reserve uma data na sua agenda e confira de perto.
Em tempos atuais, proteja-se e respeite a vida do próximo: use máscaras, mantenha distância e obedeça os protocolos de segurança de cada local.
Espécie • Caliandra - Calliandra dysantha
Conhecida por flor-do-cerrado, esponjinha-vermelha e mandararé, a Caliandra é uma das flores símbolo do Cerrado. Pertence à família botânica Fabaceae, é um arbusto de crescimento contínuo durante o ano, pode chegar até 2 m de altura e possui folhas perenes verde-escuro. É uma espécie tropical, sensível ao frio, assim, suas folhas se fecham durante a noite independente da época do ano. A época de floração dessa espécie ocorre entre os meses de março e setembro, mas pode haver variação dependendo da região. É nativa do Brasil, mas não endêmica, podendo ser encontrada no Paraguai. Aqui, ocorre principalmente em Tocantins, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná nos domínios de Caatinga e Cerrado nos tipos de vegetação Caatinga (stricto sensu), Campo Limpo, Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu). A planta é amplamente usada para fins ornamentais e paisagísticos, mas há registros que suas raízes têm potencial medicinal. Os estudos ainda estão em fase inicial.
Entrevista • Conhecer para conservar por Iasmin Macêdo
Bióloga e integrante da Diretoria no Instituto Últimos Refúgios (IUR), coordena o Projeto Marsupiais, em prol da conservação das espécies de marsupiais brasileiras, também com trabalho de difusão científica no Projeto Amigos da Jubarte, colaborando com os esforços de conservação da espécie Megaptera novaeangliae, e faz parte da equipe de comunicação do Projeto Museu Augusto Ruschi e desenvolve o Projeto de Livro fotográfico Últimos Refúgios: Do Parque de Pedra Azul ao Parque de Forno Grande.
O que faz o Instituto Últimos Refúgios?
O Instituto Últimos Refúgios é uma organização socioambiental e cultural sem fins lucrativos que propõe uma relação mais equilibrada entre o homem e a natureza (florestas e oceanos do Brasil). Inspirando pessoas, promovemos mudanças mantendo diálogos sobre a conservação de áreas naturais, sensibilização por meio da cultura, difusão científica, educação e pesquisa. Também apoiamos cientistas e outras instituições que necessitem de ajuda na difusão científica de seus projetos. Ainda, realizamos projetos em reservas biológicas, parques ambientais, RPPNs e áreas preservadas que necessitam de estudos e produção de conteúdo para difundir suas atividades, programas de visitação e a importância desses territórios para a preservação da biodiversidade e realização de estudos científicos.
Os marsupiais são muito incompreendidos no Brasil. Qual a sua importância?
Os marsupiais são importantes de diversas maneiras. Temos espécies generalistas, que se alimentam de tudo, e temos espécies insetívoras e/ou frugívoras. As insetívoras promovem o equilíbrio de espécies de insetos e ajudam, por exemplo, no controle de pragas que afetam a agricultura. As espécies frugívoras promovem a manutenção de florestas, atuando efetivamente na dispersão de sementes. As espécies que se alimentam de tudo, onívoras, ajudam no controle de animais peçonhentos e venenosos, pois possuem imunidade a substâncias desses animais. Também fazem o controle de animais que são considerados pragas para o ser humano como caramujo-africano, ratos exóticos, baratas, carrapatos, entre outros. Temos também a espécie Cuíca-d'água (Chironectes minimus) que é considerada bioindicadora de qualidade do ambiente. Costumamos dizer que onde tem cuíca-d'água tem um ambiente preservado, pois ela precisa de rios limpos e ricos em fauna. Os marsupiais ainda são a base alimentar de diversos outros animais topo de cadeia, que são muito importantes na natureza, como felinos, corujas, serpentes e tantos outros. Sendo assim, precisamos proteger os marsupiais para nos proteger.
Quais os programas de conservação o IUR possui?
O Instituto tem diversos projetos, porém alguns deles estão mais em evidência, como o Projeto Marsupiais, o Projeto Baía das Tartarugas, o Projeto Amigos da Jubarte, além da Série Áreas Protegidas, que registra a biodiversidade de áreas de preservação e produz livros e documentários. Realizamos também programas de educação ambiental em escolas, promovendo a conservação ambiental com crianças, pais e professores. Um exemplo é o projeto do Clube de Observação da Natureza, onde as crianças são convidadas a participar de atividades para observar e registrar a natureza nas proximidades da escola, de casa e em parques municipais. Temos também um programa na TV Ambiental, onde mostramos diversas ações em prol da conservação, com temas bem variados. Por fim, participamos de diversos projetos como parceiros, como o Projeto Harpia, Projeto Herpeto Capixaba, Projeto Caiman, Projeto Felinos, Museu Augusto Ruschi, entre outros. Também fazemos a doação de imagens para projetos e ações sem fins lucrativos.
Como acontece a arrecadação de fundos para o Instituto?
O Instituto pode receber doação direta de empresas e pessoas. Temos o programa chamado Amigo dos Últimos Refúgios. A pessoa interessada pode assinar uma doação mensal. Podemos participar de editais de financiamento e programa como Leis de incentivos. Hoje estamos com um projeto em execução pela Lei Federal de Incentivo a Cultura, financiado por empresas de lucro real.
Como o Instituto pode agir para ajudar em causas importantes como a das grandes queimadas no Pantanal?
Divulgação e sensibilização são as melhores ferramentas que podemos utilizar para apoiar trabalhos já em execução. No controle das queimadas, por exemplo, estamos longe e já existem iniciativas e instituições engajadas, assim ajudamos da melhor forma que podemos e também quando somos solicitados. Apoiar iniciativas que trabalham com a conservação é algo que o Instituto faz. Quanto mais pessoas possuírem o conhecimento, mais pessoas estarão promovendo a conservação. Sabemos que as imagens têm o poder de mudar o mundo. Hoje o Instituto tem um programa de doação de imagens e apoiamos pessoas, instituições e projetos sem fins lucrativos. Existem várias lutas e causas ambientais por todo o país, com pessoas experientes e capazes à frente de cada uma delas. Nossa missão é apoiar essas ações, para que elas tenham força e resultados positivos.
Como é possível sensibilizar as pessoas para as ações de conservação através das fotos tiradas nos projetos?
Seguindo o lema da Instituição - "As pessoas só protegem o que sabem que existe" - nós buscamos mostrar para as pessoas tudo o que existe na natureza e a importância de cada ser. Com anos de experiência, o Instituto vem fazendo esse trabalho e nos mostra que é possível e necessário. As imagens têm o poder de mudar o mundo. Acreditamos muito nisso. As pessoas só não protegem porque não conhecem. A partir do momento que elas são apresentadas a nossa biodiversidade, elas adquirem conhecimento e, consequentemente, empatia. Nosso intuito é sensibilizar e mais adiante essas pessoas se tornarem sensibilizadoras também. Formando a corrente do bem.
Quais os projetos de educação ambiental com finalidade de preservação do Instituto?
Temos o UR nas Escolas e o Clube de Observadores da Natureza. O Projeto Últimos Refúgios nas Escolas promove a sensibilização ambiental com crianças e professores. Apresentando um material sobre meio ambiente registrado pelos projetos do Instituto Últimos Refúgios nas unidades de conservação do Estado do Espírito Santo, para que as crianças conheçam a biodiversidade local. Em seguida acontece a Oficina de desenho e quadrinhos, como trabalho de conscientização ambiental, para que a criança ponha em prática o que aprendeu. A participação dos professores nessas ações é super importante, assim ele se torna mais um ator na luta pela conservação. O Clube de Observadores da Natureza desenvolve atividades socioeducativas em escolas e áreas externas, sendo locais próximos às escolas e parques ambientais. O objetivo é promover a sensibilização ambiental por meio da difusão científica, apresentar as belezas da biodiversidade capixaba e desenvolver um olhar mais sensível em relação à natureza. Eventualmente divulgamos alguns materiais de forma online, na língua portuguesa e inglesa. Assim atingimos pessoas do Brasil e de outros países. Compartilhamos atividades para as crianças como Histórias em Quadrinhos e máscaras. Elas podem recortar, pintar e aprender.
Como sua experiência com as Jubartes te ajuda em seu trabalho atual no IUR?
O Projeto Amigos da Jubarte é realizado pelo Instituto Últimos Refúgios e pelo Instituto O Canal. Participar dele, assim como de outros projetos ambientais, nos traz muito aprendizado, nos faz enxergar mais longe. A biodiversidade está muito interligada. Quando a gente protege os Marsupiais protegemos tantas outras vidas. Assim eu penso com relação as Jubartes. Protegendo-as estamos protegendo muitas outras espécies, marinhas e terrestres. A Jubarte é o que chamamos de espécie guarda-chuva. Participar de outros projetos também me trouxe conhecimento sobre as questões burocráticas e administrativas. Trabalhar com meio ambiente vai muito além da biodiversidade. A parceria e apoio dos profissionais é super importante. Acredito que juntos temos resultados melhores em prol da preservação.
Lab • Minhoca, minhoca. Me dá uma beijoca?
Atualmente, existem inúmeras formas de reduzir os resíduos de nossas casas e, assim, reduzir o efeito estufa. Uma das formas mais baratas de fazer isso é montar um minhocário em casa. Ao contrário do que muitos pensam, as minhocas são seres extremamente higiênicos e permitem que a matéria orgânica seja posta novamente em ciclo de forma mais rápida e eficaz, aumentando o húmus e facilitando para que bactérias decomponham a matéria orgânica. Além disso, os minhocários também diminuem a demanda dos lixões e fornecem fertilizante natural. Mas, como formar um minhocário? Bom, é bem simples. Três caixas empilháveis de plástico ou madeira impermeável e uma tampa no topo. As duas caixas de cima trabalham juntas como “digestoras”, ou seja, para que as minhocas se alimentem e o líquido vaze para a terceira caixa. A última caixa, que pode ter uma torneira acoplada, serve como uma coletora de chorume que é produzido no processo. Dentro da caixa de cima, para começar, coloca-se cerca de 7 cm de húmus de minhoca e, sobre eles, serão depositados os resíduos orgânicos de sua casa. As duas demais ficarão vazias. A cada quantidade de rejeitos colocada, deve ser coberta com uma camada de folhas ou serragem. Pronto! Você já tem um minhocário e está ajudando o planeta, além disso, tem fertilizante para suas plantas.
Nossos resíduos • Logística Reversa
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010, estabeleceu diretrizes, princípios, objetivos e instrumentos para a gestão integrada dos resíduos sólidos, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Um desses instrumentos é a logística reversa. É por causa dela que nós, consumidores, devemos destinar, por exemplo, nossas pilhas e baterias ou aparelhos eletrônicos em locais apropriados após o uso. A logística reversa representa uma cadeia de ações que possibilita a coleta e restituição dos resíduos sólidos para reaproveitamento na cadeia produtiva, ou em outra destinação ambientalmente adequada. Dessa forma, esses resíduos, em vez de irem para aterros ou outros locais inadequados, gerando impactos negativos, podem ser destinados para a reciclagem, à cooperativas de catadores de materiais recicláveis ou servir de insumos em processos produtivos, constituindo fator gerador de renda e desenvolvimento econômico e social. Participam da logística reversa todos os atores envolvidos no ciclo de vida do produto: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores. Todos têm um papel a desenvolver para que o resíduo tenha destino adequado, e esse é um outro princípio instituído pela Política Nacional de Resíduos - a Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Não podemos esquecer, portanto, que fazemos parte dessa corrente de ações e somos “eternamente responsáveis pelo lixo que geramos”.
Natu 10 • 12/01/2021 • Caliandra (Calliandra dysantha) • Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Nathália Araújo; Angélica Fujishima; Brenda Menezes; Conteúdo: Amanda Costa; Fotografias: Iasmin Macêdo; Leonardo Merçon; Joarley Rodrigues; Daniel Gois.
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