Natu 19
Espécie • Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
O Lobo-guará é um elegante carnívoro neotropical da família Canidae. Leva outros nomes populares como: lobo-de-crina, lobo-vermelho, jaguaperi ou simplesmente guará. Já o nome guará vem do tupi “awa'rá” e significa vermelho. Ou seja, todos esses nomes estão relacionados à sua pelagem laranja-avermelhada. Típico do Cerrado, sua distribuição vai ao Norte até os limites da Caatinga, ao Leste chegando na Mata Atlântica, ao Sul às margens do Pampas e ao Oeste no limite de ocorrência da espécie, próximo ao Pantanal. Esse belo lobo com hábito solitário, pode chegar a 90 cm de altura e pesar até 30 kg. Sua gestação é de mais de 60 dias, e em geral, nascem de dois a três filhotes. Na natureza ou em cativeiro, um lobo-guará pode viver cerca de 15 anos. Seu pico de atividade é crepuscular-noturno, se alimenta de pequenos vertebrados e de frutos de Lobeira ou Fruta-do-lobo (Solanum lycocarpum). Essa planta possui valor medicinal e costuma ser benéfica à saúde do lobo. Uma estimativa da população diz que 90% dos indivíduos dessa espécie ocorrem em território brasileiro, por esse motivo, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, juntamente com Organizações e pessoas interessadas, deu a criação do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Lobo-guará - PAN Lobo-guará. Infelizmente, seu status de conservação está como vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção e sua tendência populacional encontra-se em declínio. As principais ameaças são perda de habitat, atropelamento, caça, expansão das cidades e com isso, transmissão de doenças infecciosas vinda do contato com animais domésticos, etc.
Para mais informações sobre a matriz de planejamento do lobo-guará com metas, ações e estimativas, acesse:
Fora do Brasil, ele pode ser encontrado na Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai, onde já é considerado extinto.
Em tempos chuvosos é comum ouvir falar de acidentes ocorridos na natureza, seja relacionados com mar, rios ou cachoeiras. É importante estar atento ao clima, acompanhar no aplicativo pode ser uma boa opção, assim estará preparado para evitar esses problemas. Existem fenômenos relacionados às águas como cabeça d'água e tromba d 'água que podem acontecer em rios, mares, lagos e serem fatais. A cabeça d'água acontece quando um grande volume de chuva cai na parte superior do curso d'água. Com isso, há um aumento rápido do nível do rio. Já a tromba d'água é uma nuvem em formato de funil que se forma sobre o rio, mar ou lago que se prolonga até atingir a água. Recomenda-se, a saída imediata da água se ouvir barulho forte ou se sentir a correnteza aumentar de forma repentina.
Em tempos atuais, proteja-se e respeite a vida do próximo: use máscara, mantenha distância e obedeça os protocolos de segurança de cada local.
Entrevista • Desafios da divulgação Científica no Brasil por Ana Cristina da Cruz
Graduada em Ciências Biológicas pela Faculdade Anhanguera de Brasília. Mestranda em Entomologia pela Universidade Federal de Lavras. É Diretora Científica da Liga acadêmica de Educação Forense (LAEF); Membro da Diretoria do Grupo de Estudo e Pesquisa com Animais Silvestres (GEPAS); Pesquisadora pelo projeto de extensão de Recuperação de áreas degradadas que visa recuperar/reflorestar áreas degradadas com a reintrodução de espécies nativas do Cerrado, germinação de plantas nativas do Cerrado e interação de insetos com as plantas do Cerrado visando a Floresta Nacional de Brasília; Pesquisadora pelo projeto de Levantamento de Mastofauna do Cerrado Brasiliense por meio de rastros; Coordenadora do Projeto de Pesquisa sobre o Estudo de Interação entomológica e Botânica com coletas de material biológico na Floresta Nacional de Brasília; Divulgadora Científica na internet na página Biodiversilab no Instagram e Voluntária (ICMBio) em SAF na FLONA-DF.
Conte-nos um pouco sobre essa experiência de estagiar no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA.
Meus estágio no INPA foi na época de ensino médio, entrei em 2013 e saí no início de 2017, a experiência foi excelente, pois o propósito era apenas auxiliar o Doutor em assuntos administrativos, e ele foi me incluindo mais e mais em assuntos entomológicos e hoje sou grata em vários requisitos como saber fazer prestação de contas no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), movimentação de verbas destinadas a pesquisas e a ter contatos. Entretanto, estar desde cedo em um laboratório de pesquisa me fez amar a área de Entomologia a qual quero seguir carreira, mas também quero lecionar em Ensino Superior e orientar projetos de pesquisas, tudo por causa desses anos vivendo dentro de laboratório desde muito nova.
Qual a principal atividade do Biodiversilab e sua contribuição para a conservação da natureza?
O Biodiversilab foi criado inicialmente na necessidade de termos um espaço dentro da Faculdade (Anhanguera de Brasília) em que podemos fazer pesquisas e as pessoas saberem que existe um grupo só voltado para isso. Com isso queríamos inicialmente convidar alunos que têm interesse em desenvolver projetos a se juntar como colaboração, onde iríamos ensinar a desenvolver pré-projeto, buscar orientação, tirar licenças e trabalho em campo, queremos chamar atenção da direção da faculdade e mostrar que sempre estivemos ali. E temos um sonho de levar o Biodiversilab pra fora da Faculdade onde alunos que sonham em ter seus projetos publicados possam nos procurar para consultorias e parcerias, assim como queremos fazer cursos de extensão para levantar verbas para nossos próprios projetos.
O laboratório de biodiversidade recebe estagiários ou voluntários que queiram contribuir para a causa?
No início a proposta era chamar alunos da graduação para participar dos projetos, como agora que estamos tendo a oportunidade de ajudar no estágio obrigatório de Biologia nas áreas de Botânica e Entomologia, porém estamos finalizando a graduação e queremos levar o Biodiversilab para além da Faculdade com projetos próprios onde receberemos alunos que queiram aprender coisas novas e com certificação que possa ajudar dentro da faculdade, mas também irá continuar a proposta de alunos nos procurar para participar dos projetos fora do Lab. Então iremos receber futuramente voluntários e estagiários.
No Grupo de Estudo e Pesquisa com Animais Silvestres (GEPAS), quais os desafios em campo e fora dele para levar informações pertinentes à comunidade acadêmica e científica?
O desafio inicial foi trazer o GEPAS para dentro de uma faculdade privada, normalmente faculdades privadas conseguem o título de estudos com animais silvestres (GEAS) e não estão ligados diretamente à pesquisas. Há uma dificuldade em manter um GEPAS dentro da faculdade Privada pra gente, como encontrar um(a) professor(a) orientador(a), mas vamos aos poucos tentando não desistir. Não temos verbas da faculdade para manter o grupo, sendo necessário fazer saídas de campos e minicursos para conseguir (ou tentar) “bancar” nossas pesquisas de campos e para o público nos conhecer, fez-se necessário ter redes sociais, principalmente o Instagram onde divulgamos ciência sobre espécies e curiosidades para trazer mais pessoas para o nosso lado.
Como foi a sua experiência com Entomologia Forense, até aqui?
É uma área que sou muito suspeita em falar, pois eu acho muito fascinante. A minha experiência foi voltada para crimes violentos, e tive oportunidade de conhecer legistas e peritos criminais e fazer coletas de imaturos em ossada de indigente, então só tenho agradecer a LAEF por ter me convidado para direção e não terem desistido de mim. Com isso dei palestras online e presenciais, a maior delas foi na UNIP na Semana Acadêmica de Biomedicina e minicursos sobre Entomologia, só experiências boas.
Conte-nos sobre o que faz a Diretora Científica da Liga Acadêmica de Educação Forense (LAEF) e os planos futuros.
Uma Diretora Científica incentiva a organização de eventos científicos, firma parcerias, participa da banca de avaliação, o que aconteceu no início da Liga, para aprovar ou desaprovar trabalhos, revisar trabalhos a serem publicados, auxílio nas dúvidas relacionadas às pesquisas científicas e estímulo a realização de outras pesquisas ou inicio de outras atividades que sejam necessárias. A presidente atribuiu total confiança à minha direção para tomar decisões. Sobre planos futuros, estamos aos poucos voltando a interagir nas redes sociais, principalmente no Instagram, vamos apostar na divulgação científica por ora, pois o nosso trabalho sempre foi bem presencial, com cenas de crimes, curso de tiro, ir ao IML e levar informações científicas ao público-alvo.
Fale sobre os desafios enfrentados ao conscientizar as pessoas da importância que os insetos têm no Planeta.
Eu brinco dizendo que se insetos fossem “fofofauna” seriam mais estudados. Os insetos são os mais diversos organismos vivos, no Brasil temos uma biodiversidade enorme, mas enfrentamos um grande desafio que é a falta de taxonomistas e divulgadores. Isso porque a gente só pode proteger o que tem nome, ou que tá descrito. E eu sei que existem insetos de importância agrícola, médica, veterinária, forense, industrial… Mas o meu colega pode não saber disso, e temos o privilégio dessas informações que podemos passar através da divulgação científica para que chegue em todo canto. Eu venho pautando na importância de usar uma linguagem acessível para que pessoas que não são da área entenda e pratique essa importância.
Quais são seus projetos atuais com os insetos?
Essa pergunta é bem difícil de responder, pois não tenho orientação de um especialista na área, dependo da disponibilidade de algum(a) professor(a) para orientar, no entanto, estou no meio de umas publicações de botânica e o foco, a princípio, é de interação “inseto x planta”, para aproveitar a equipe de botânica indo pra campo. Então meus projetos dependem muitas vezes de outros projetos. Mas por ora estou focando na entomofauna de interação e muitas vezes eu tenho contatos de especialistas de outros estados interessados em ver o material e acabo mandado.
Na sua opinião, o que a divulgação científica é capaz de fazer na sociedade dos tempos atuais?
Evidente que nesse atual cenário de pandemia, o meio que encontramos para passar o que fazemos e conhecimentos de outras áreas foi a internet, principalmente o Instagram, não imaginava que nós pesquisadores iríamos sair de dentro do laboratório e do mato direto para produção de conteúdo digital, e são várias páginas interessantes e no meio delas temos que nos perguntar qual é nosso diferencial no meio disso. Eu particularmente venho trazendo pessoas de fora da comunidade acadêmica para dentro da ciência com uma linguagem simples, e assim mostrando a importância da divulgação no Brasil. A área científica vem tomando seu espaço, claro que infelizmente ainda é desvalorizada, amo bastante o que faço, não imaginaria que estaria sendo divulgadora em várias páginas como o Biodiversilab que vem crescendo cada vez mais, o GEPAS-FAB que temos um público fiel e a LAEF que é a minha maior página de divulgação atualmente e é doido o que a tecnologia pode nos proporcionar em levar curiosidades e assuntos que até então não era tão recorrente, viva a divulgação científica!
Lab • Enxertia em plantas
A enxertia é uma técnica que visa a associação entre duas partes de plantas diferentes que continuam seu crescimento como uma única planta. Nessa técnica, cada parte recebe um nome, sendo o cavalo (porta-enxerto), responsável por contribuir com o sistema radicular e consequentemente com a nutrição mineral, e o cavaleiro (enxerto), que é a parte de uma planta em que suas características se quer reproduzir, sendo responsável por absorção de luminosidade e carbono, transformando-os em seiva elaborada. Os tecidos enxertados não se unem completamente, cada parte conserva características individuais que agregam importância no processo, tendo a seiva circulando entre elas as tornando uma única planta com uma vida comum.
São várias as vantagens da enxertia, como a aceleração da maturação, redução do porte da planta, viabilizar o cultivo de plantas menos suscetíveis a doenças e problemas fitossanitários, expandir, preservar e multiplicar características desejáveis, entre outras várias vantagens, que para muitas espécies de interesse comercial são imprescindíveis, como por exemplo na cultura de espécies ornamentais, como roseiras, e em frutíferas, como várias espécies de cítrus.
Em alguns casos, como da seringueira, podem ser utilizadas três partes ou mais de plantas diferentes, devendo ser, geralmente, utilizadas partes de plantas próximas sistematicamente na classificação botânica, o que reduz consideravelmente os níveis de fracasso nas enxertias feitas.
Na prática da enxertia, existem dois métodos básicos: a borbulhia e a garfagem. A borbulhia consiste em destacar uma gema vegetativa da planta que se quer propagar, e introduzir em uma muda de uma planta com características rústicas da mesma espécie ou de classificação aproximada. E na enxertia por garfagem, o ponteiro ou garfo é destacado da planta que se deseja reproduzir e introduzida na planta porta-enxerto. Nesse processo, deve-se retirar todas as folhas dos ramos utilizados, e usados no mesmo dia em que foram retirados da planta matriz. Os porta-enxertos e os enxertos devem ter a mesma espessura para que os vasos condutores fiquem em contato, além de ser importante a utilização de materiais desinfetados e evitar o contato dos dedos com as partes internas das plantas utilizadas.
Nossos resíduos • Nossos resíduos e a economia circular
A gestão dos resíduos gerados nas cidades envolve aspectos ligados às questões ambientais, sociais e econômicas, é uma questão estratégica em todo o mundo e está diretamente atrelada à sustentabilidade. O simples aterramento dos resíduos não constitui mais uma opção ideal ou que compreende todos esses critérios e a circularidade dos sistemas. Uma gestão integrada, que é mais complexa, considera a demografia da população e a geografia, características e valores dos resíduos, a redução de emissões e a economia de custos. Nesse sentido, a gestão dos nossos resíduos se integra totalmente ao conceito da economia circular, modelo econômico que busca a reintrodução dos resíduos na cadeia produtiva, mantendo-os em sua mais alta utilidade e valor, de forma a reduzir a pressão sobre os recursos naturais e o risco de esgotamento. Instrumentos como reciclagem, reaproveitamento, reparo, logística reversa e ciclo de vida estão diretamente associados a essa nova visão econômica que se mostra cada vez mais necessária na busca de soluções para um desenvolvimento e meio ambiente equilibrados.
Natu 19 • 16/10/2021 • Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) • Redação • Direção: Nathália Araújo; Conteúdo: Amanda Costa; Michellen Resende; Rodrigo Viana; Fotografias: Ana Cristina Cruz; Luís Felipe Carvalho; Paulo Dantas; Sávio Bruno / Fauna Brasil - UFF.
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