Natu 22
Espécie • Pequi (Caryocar brasiliense)
O pequi é uma planta pertencente à família botânica Caryocaraceae. O nome pequi se origina do tupi: “pyqu”, ― que significa casca espinhenta ― esse nome faz referência aos espinhos presentes dentro do fruto.
O pequizeiro é nativo do Bioma Cerrado, é uma planta arbórea, perene, frutífera com alto potencial oleaginoso, alimentício e medicinal, que pode chegar a cerca de 15 metros de altura. Floresce entre agosto e novembro e a maturação do fruto é entre novembro e fevereiro. Suas folhas são compostas, possuem cor verde escuro e certo brilho, as laterais são serreadas. Suas flores são brancas com numerosos estames delicados. Seu tronco pode medir até 3 metros de diâmetro e apresenta uma casca grossa ― característica marcante de espécies típicas do Cerrado. O fruto é deiscente, ou seja, se abre quando está maduro. A casca do fruto é verde e a polpa do fruto amarela.
A cada safra de pequi, uma só árvore pode gerar até 1500 frutos, mas vale lembrar que pode haver alteração no número e isso depende da região e do solo onde se encontra.
O pequi é um fruto muito apreciado na região do Centro-Oeste, Nordeste e Norte e muito consumido na culinária mineira, goiana e nordestina. O Pequi possui grande importância econômica, além do consumo do fruto na alimentação, a casca é aplicada na produção de couro, a madeira por ser resistente, pode ser utilizada em construções e suas folhas são amplamente manipuladas na alimentação de alguns animais. Do óleo se faz o azeite e também é empregado no uso de cosméticos e na medicina popular.
Seu cultivo, assim como outras espécies do Cerrado, não é fácil. A técnica de alporquia pode ser uma boa opção para criação de novas mudas.
Na trilha • Esportes para aproveitar a natureza
Atividades ao ar livre, individuais ou em grupo, são uma boa opção para relaxar e se conectar com a natureza. Para além do 'trekking', vamos apresentar três esportes super legais que valem a pena conferir de perto.
Arvorismo: atividade criada nos anos 80, que significa percorrer um caminho numa plataforma suspensa entre as copas das árvores. Esse esporte é individual e possibilita ao praticante observar lindas paisagens lá de cima, além de trazer autoconfiança e tranquilidade.
Ciclismo: essa prática foi difundida no ano de 1850 e até hoje é bastante praticada. Pode ser realizada individual ou em grupo, em curtas ou longas distâncias, durante o dia ou à noite… você escolhe. Além de melhorar o condicionamento muscular, ajuda no combate de doenças cardiovasculares.
Tirolesa: é uma atividade bastante emocionante, criada no século 19. Consiste numa travessia com o pendurado em cabos aéreos. Em geral, esse esporte é realizado de uma área mais alta para uma área mais baixa, entre morros e rios, pode ser feito em dupla ou individual. Assim, é possibilitado o sobrevoo sobre lindas paisagens.
Ressalta-se que antes dessas práticas, sejam certificados todos os equipamentos de segurança necessários. Individual ou em grupo, esteja na natureza e aproveite cada momento.
Entrevista • Ecologia, Ciência Cidadã e Planejamento da Conservação por Helga Wiederhecker
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa, mestrado e doutorado em Ecologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é professora da Universidade Católica de Brasília à frente das disciplinas de Zoologia de Deuterostomados, Ecologia de Paisagens e Geoprocessamento, Biologia da Conservação. Foi pesquisadora visitante no Centre for Tropical Biodiversity and Climate Change (CTBCC) na James Cook University, Austrália, atuando em projetos de pesquisa envolvendo modelagem, planejamento para conservação e mudanças climáticas. Como consultora da Vallie - Gestão Estratégica, apoio o desenvolvimento de processos co-criativos na área ambiental. Atualmente participa de projetos investigando: a herpetofauna em sistemas naturais e restaurados do Distrito Federal; biodiversidade em ambientes urbanos utilizando ciência cidadã; o conflito entre fauna silvestre e seres humanos para subsidiar políticas públicas e conservação da biodiversidade através do uso. Principais áreas de atuação: conservação, ecologia, zoologia (com ênfase em fauna silvestre urbana), ciência cidadã, mudanças climáticas, planejamento sistemático da conservação e educação superior.
O que mais te chamou atenção na área de Ecologia?
Foram os números! A Ecologia, ao contrário da impressão geral que a maioria tem, é uma parte da biologia que adora gráficos, números, medidas. É uma linguagem que consegue descrever de forma muito similar coisas que acontecem em organismos totalmente diferentes e isso é fascinante!
Quando surgiu seu interesse na área de Herpetologia?
Só na universidade mesmo! Quando pequena, como qualquer pessoa criada em cidades, tinha pavor de pererecas. Acho que serpentes mesmo só conhecia de livros. Mas, consegui um estágio no Museu de Zoologia João Moojen, da UFV. O ambiente era animado, muitas pessoas trabalhando com bichos diferentes e as serpentes foram a minha porta de entrada. Primeiro com muito trabalho de laboratório. Horas contando escamas e aprendendo um pouco mais sobre os bichos da coleção. A dedicação abriu outras portas e logo tive a oportunidade de participar de trabalhos de campo.
Qual o maior desafio dentro da sua Linha de Pesquisa?
Acho que o Brasil ainda não abraçou a sua biodiversidade. Não reconhecemos a importância de uma das nossas maiores riquezas, as nossas espécies. Assim, o trabalho importantíssimo de conhecer mais, proteger, gerar renda, inclusão social e sustentabilidade a partir da nossa biodiversidade é o tempo todo marcado pela necessidade de convencer. Além disso, mulheres sempre têm de provar que são muito mais capazes para conseguir realizar trabalhos de campo, pesquisa e etc. Assim, desafios não faltam, mas a cada dia renovo a minha convicção de que não fazer nada é pior! Assim, sempre vem aquele gás novo que acende a chama interna ativando mente e coração para continuar na batalha.
O que mais te marcou em sua carreira como Pesquisadora/Bióloga?
Acho que foi o início. Curti muito a minha graduação. Dediquei-me a cada nova experiência e oportunidade para construir a minha caixa de ferramenta. Essa curiosidade me permitiu conhecer várias partes do mundo colaborando com pesquisadores que pensam sobre a biodiversidade de forma distinta. Acho que a universalidade da biologia é um dos aspectos que mais me encantam.
Como surgiu o projeto Aves da Janela?
Esse projeto foi muito interessante. Estávamos discutindo há um tempo formas de consolidar uma linha de pesquisa estudando cidades. Um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU aborda exatamente a sustentabilidade das cidades. A sustentabilidade das cidades passa por termos gente vivendo com qualidade dentro destas cidades, mas também pela possibilidade de convivermos com as espécies nativas, árvores, aves, morcegos e os benefícios que eles trazem. O causo já ficou grande, né? Mas estávamos bem animados, já fazendo alguns pilotos quando a pandemia chegou. E daí nos perguntamos, será que as próprias pessoas que moram em Brasília não podem ter interesse em coletar as informações sobre as aves urbanas gravando o som das suas próprias janelas? Daí, sonho que se sonha junto é realidade! O perfil do Instagram já tem mais de 1000 seguidores, vários voluntários que gravam de suas janelas e um coletivo sensacional que analisa as gravações.
Quais os principais desafios de estudar as populações de Capivaras da orla do Lago Paranoá aqui Distrito Federal?
Este é outro projeto do coração que funciona por ser executado por uma equipe diversa e danada de boa. Conviver com a fauna nas cidades pode envolver conflitos como por exemplo, atropelamentos, encontros indesejados, a presença dos animais dentro das propriedades. Aqui no Distrito Federal, com o aumento da cidade, fomos vendo gradativamente surgir este tipo de conflito, envolvendo inclusive o abate irregular das capivaras. Assim, é fundamental desenvolvermos ações para reduzir esse
conflito e é extremamente positivo termos a sensibilidade do governo para buscar o apoio científico para tomar as decisões. Por fim, o projeto tem o desafio de responder quais são as melhores opções de manejo para as capivaras do lago. Mas não podemos esquecer que encontramos apoio e interesse da população que sempre apoia a equipe durante as atividades de campo.
Como conciliar os Projetos de Pesquisa com ser professora na Pandemia?
Uma delícia! Não há como separar pesquisa de ensino! E tivemos de nos adaptar juntos.
Como e quão você teve que se reinventar nessa pandemia?
Esse foi um capítulo à parte, na verdade, na vida de todos nós, né? Imagino que isto será o causo contado e recontado para as próximas gerações. Acho que aprendi muito, mas também foi uma experiência muito solitária, pois passei boa parte do tempo falando à frente de um computador. É muito estranho não ter a interação com os estudantes. Gosto muito de lecionar e a pandemia construiu barreiras. Mas tiveram coisas muito positivas. Queimei menos combustível fóssil, estabeleci contato internacional com mais facilidade com a quebra da resistência de trabalharmos por videoconferência. Espero que estas coisas novas fiquem.
Lab • Armadilhas de interceptação e queda (pitfall-trap)
As armadilhas de queda são armadilhas/recipientes enterrados no solo e interligadas por cercas-guias. Em geral, são utilizadas para capturar anfíbios, répteis e mamíferos de pequeno porte - seja para levantamento de riqueza, ecologia de populações, monitoramento, etc. Essas armadilhas constituem um dos métodos passivos de coleta e possuem metodologia simples e com valor monetário um pouco mais acessível que outras armadilhas, por exemplo. Os materiais utilizados para montar essa armadilha são: plaquinhas de isopor, lona ou tela plástica, estacas de madeira, grampos e baldes. A montagem é bem simples: cavar buracos com cerca de 60 cm de profundidade no solo para inserir o recipiente. Montar as cercas-guias bem esticadas, em formato de Y. A altura da lona é de cerca de 50 cm e as estacas não têm influência no tamanho. Colocar a placa de isopor dentro do balde, para o animal se proteger do intenso sol/chuva ou do que for necessário.
Nossos resíduos • Reutilização dos resíduos da construção civil
Assim como as outras categorias de resíduos, os chamados de resíduos da construção e demolição - RCDs - necessitam de atenção, pois também causam impacto ao meio ambiente. De acordo com o Art. 3º da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 307/2002, os resíduos da construção civil são divididos em quatro classes:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
IV - Classe "D": são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde”.
Com isso, ressalta-se a importância da reciclagem e/ou reutilização dos RCDs, a fim de minimizar os impactos provenientes da atividade da construção civil. Estudos indicam que a reciclagem correta, pode ser 40% mais barata do que o descarte inapropriado do material. Essa prática é benéfica ao meio ambiente, no sentido de diminuir a extração exagerada e em curto prazo de matérias-primas, advindas dos recursos naturais; evitar a contaminação dos mananciais; diminuir os riscos de assoreamento dos rios, entre outras. Algumas das formas de reaproveitamento são a produção de materiais como brita ou areia e a construção de cidades sustentáveis.
Natu 22 • 12/01/2022 • Pequi (Caryocar brasiliense) • Redação • Direção: Nathália Araújo; Conteúdo: Amanda Costa; Rodrigo Viana; Thayane Silva; Fotografias: Helga Wiederhecker; Leandro Novaes Venerano.
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