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Dia Mundial da Água e a luta pelo acesso

O 22 de março é um dia de alerta. Em 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou essa data como o Dia Mundial da Água, a fim de alertar a população mundial para a preservação desse recurso natural essencial a nossas vidas. No entanto, a luta pela conservação e acesso à água de qualidade é antiga, diária e urgente.


Sabemos que o Brasil é o país com maior reserva de água doce do planeta, possuindo 12% do volume total, mas o acesso e uso da água com qualidade para o consumo humano acontece de forma desigual em nosso território. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Censo 2022, 6 milhões de brasileiros vivem sem abastecimento de água adequado, 49 milhões de pessoas moram em residências sem descarte adequado de esgoto e 1,2 milhões de brasileiros sequer têm banheiro ou um sanitário. Esses dados mostram que apesar de termos evoluído em relação ao Censo 2010, ainda estamos distante da universalização do acesso à água e saneamento básico, como preconiza a Agenda 2030 e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de número 6 (ODS 6), da ONU.

O tema do Dia Mundial da Água de 2024 da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é emergente e propositivo: “A água nos une, o clima nos move”. Enquanto as mudanças climáticas impõem uma série de desafios, a integralização das ações se faz necessária e urgente para a adoção de medidas de convivência e combate à escassez de água. De fato, a água em seu movimento, circularidade e força nos une em um objetivo comum: que todos, hoje e no futuro, tenham disponibilidade desse recurso em quantidade e qualidade necessárias. 

É desafiador porque os impactos das mudanças climáticas têm afetado cada vez mais o acesso à água, especialmente em regiões e para pessoas em vulnerabilidade. Na centralidade desse debate e na luta pelo acesso, sempre esteve o semiárido brasileiro. São 1477 municípios que integram o semiárido, se estendendo pelos 9 estados no Nordeste, além de Minas Gerais e Espírito Santo. Dentre esses municípios se encontra São Paulo do Potengi, no estado do Rio Grande do Norte, onde a luta pela democratização do acesso à água, assim como em muitos outros locais, constrói e move a cidade.

Em São Paulo do Potengi, o direito à água para o povo foi liderado pelo sacerdote Expedito Sobral de Medeiros, o Monsenhor Expedito, o chamado Profeta das Águas. O seu movimento “Água para todos” reuniu diferentes lideranças e setores da sociedade e contribuiu para a construção da Barragem Campo Grande, em 1984, segundo maior reservatório da bacia do rio Potengi, e da Adutora Monsenhor Expedito, em 1998, que abastece com água tratada muitos municípios do semiárido Potiguar. No entanto, atualmente, a falta de água ainda é uma realidade nessas comunidades.


Assim como em São Paulo do Potengi, apesar dos avanços de acesso à água, ainda há uma distribuição desigual e falta maior investimentos em tecnologias e estratégias de convivência com a seca e mudanças climáticas. Isso porque a seca não se combate, se convive. Muitas vezes açudes e barragens tomam espaços, mas não resolvem os problemas do povo. A democratização do acesso à água passa pelo conhecimento adquirido pela população e por uma luta comum a todos. Afinal, a água nos une.

Amanda Costa / Richarlyson Raynnher da Silva Araújo (Fotografias

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