Natu 39


Espécie • Suçuarana (Puma concolor)
A suçuarana, também conhecida como onça-parda, leão-baio, leão-da-montanha ou puma, é uma das espécies de grandes felinos, sendo classificada em um gênero diferente ao dos leões, leopardos, tigres e onças. Tem uma ampla distribuição geográfica, presente por grande parte das Américas. Está classificada como "menos preocupante" na Lista Vermelha Internacional, com classificações diferentes por região, sendo uma espécie vítima do desmatamento e protagonista em situações de conflito na existência com pessoas. Essa espécie tem 2m de cumprimento aproximadamente, com as fêmeas geralmente menores, e pode viver 10 anos na natureza, em média. Sua pelagem predomina a tonalidade parda, na cor marrom, com tons mais escuros nas extremidades, como nas orelhas, focinho e na ponta da cauda. Essa espécie felina não emite sons potentes a exemplo de onças, tem uma vocalização que pode variar entre sons roucos a sons que lembram assobios. A suçuarana participa do controle de outras espécies que fazem parte do ciclo alimentar e da dinâmica dos ambientes onde vive. Ela é considerada uma espécie detetive, uma vez que ela pode trazer pistas, obtidas em estudos, que ajudam para uma melhor coexistência na comunidade, o que inclui espécies silvestres, animais domésticas e pessoas. 

A suçuarana da edição é um dos machos monitorados na região de Água Limpa, Goiás. Esse indivíduo é conhecido no Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC) como Pema, em referência ao Parque Estadual da Mata Atlântica, uma das áreas de estudo e pesquisa do PCMC. O Pema também inspirou o logotipo da Semana da Suçuarana.


Na trilha • tem insetos?
O maior grupo animal catalogado, com alto potencial para identificação de novas espécies, além da quantidade em natureza, os insetos estão muito presentes em trilhas. Desde os que insistem em contato apesar de repelentes, aos de cores bonitas, chamativas e com hábitos interessantes, como as borboletas, passando por besouros que podem ter odor pouco amigável e uma infinidade de grupos, esses animais podem ser facilmente observados ao realizar uma trilha. Para quem gosta de observar esse grupo na natureza, a trilha é uma excelente oportunidade para observar a diversidade da fauna. A seguir temos uma lista de oportunidades para interação em trilhas com esses animais:
- Parques urbanos podem ser a morada de abelhas, borboletas, joaninhas e de outros insetos
- Unidades de conservação costumam abrigar maior variedade de insetos
- É possível ouvir alguns insetos, tenha atenção aos sons na natureza
- Busque fotografar esses animais e monte uma coleção de fotografias.



Entrevista • Engenharia para a Natureza por Amanda Costa
Doutora em Engenharia Civil com o tema resíduos sólidos e Avaliação do Ciclo de Vida, ela é graduada em Engenharia Agrícola e Ambiental e Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal Rural de Pernambuco com o tema Indicadores de Sustentabilidade para gestão de resíduos sólidos urbanos. Possui intercâmbio na modalidade graduação-sanduíche com fomento do CNPq na Universidade de Évora, Portugal. Atuou como Analista Ambiental no Núcleo de Licenciamento Ambiental. Atualmente é Professora no Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Também participa de atividades educativas no Instituto Jurumi.
 

Como iniciou o seu interesse por assuntos sobre a natureza?
Comecei a me interessar por temas relacionados ao meio ambiente no ensino médio, através da escola. Onde estudava havia uma grande área verde, horta e até mesmo alguns animais e nossos professores realizavam atividades em que podíamos ter contato com esses ambientes e estimulavam a necessidade de preservação. A partir dessas vivências, fiz o vestibular para Direito, com a certeza que queria atuar na área do Direito Ambiental. No entanto, não tive nota suficiente para o curso de Direito na Universidade pública, mas, tive para o curso de Engenharia Ambiental. Comecei sem muita confiança se era o que queria mesmo, mas logo iniciei em projetos de iniciação científica na área de resíduos e percebi que me sentia feliz contribuindo com o tema. Assim me sinto até hoje.
Você escreve sobre a natureza nas postagens especiais para o blog do Instituto com temas variados. Você encontra alguma dificuldade para realizar os textos?
A dificuldade da escrita, em parte, nos encontra quando não temos grande domínio sobre o tema a ser abordado. O que vale para os textos e também na comunicação oral. Então, quando estou com dificuldade de escrever, procuro leituras que irão me ajudar a conhecer mais sobre o assunto. Mas, mesmo quando temos domínio do tema, a escrita para o blog requer uma boa escola de palavras, formatação e foco a ser dado sobre o assunto, para estimular a leitura. Essas habilidades também procuro aprender lendo sobre storytelling e fiz um curso online sobre esse recurso quando iniciei o voluntariado no Instituto.


Sua formação é na Engenharia, especialmente a engenharia ambiental. Como você acredita que a área pode ajudar a conservação da natureza na prática e na ação?
O desenvolvimento sustentável busca alinhar a conservação da natureza, o crescimento econômico e a justiça social, nesse sentido, vejo a engenharia ambiental como uma importante área para o estudo de tecnologias e intervenções sociais no alcance desse objetivo.



O que te chama atenção no tamanduá-bandeira, nosso mascote?
O seu tamanho. Ele tem uma cauda grande e um focinho longo. Os pelos também me chamam atenção, pois na cauda são longos e grossos e no focinho bem curtos. Mais do que sua aparência, com o Instituto aprendi que também pode ser chamado por Jurumi, palavra de origem Tupi, e que é um animal não agressivo e que geralmente gosta de estar sozinho. Infelizmente, está ameaçado de extinção e em alguns lugares, já não se tem mais registros desses animais, como em Pernambuco, onde moro.

Você tem uma atuação com resíduos, o lixo como chamamos. Quais os desafios para atuar no tema e as oportunidades?
O grande desafio na gestão dos resíduos é o fato de que no Brasil quase metade dos municípios ainda possuem lixões. E a maioria desses municípios estão nas regiões norte e nordeste. A existência dos lixões é um dos retratos da nossa (nossa enquanto sociedade) ineficiência em atender à legislação ambiental e na implantação de políticas públicas. Mais do que previsões legais, o lixão nos mostra o quanto estamos longe de promover a justiça social. Como podemos falar em tecnologias de triagem mecanizada, produção de combustível a partir de resíduos, aproveitamento energético do biogás, quando temos pessoas que vivem do que retiram dos lixões?

Portanto, há muito o que fazer, partindo desse ponto: o encerramento dos lixões, e então, quais parcerias de mercado podem promover a valoração dos resíduos, formalização de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, enfim, muitas oportunidades e muito trabalho a ser feito.
Você participou do nosso programa de intercâmbio, de um intercâmbio educacional. Por que essas experiências são importantes e qual orientação você gostaria de passar a quem nos lê sobre atividades complementares?
O meu intercâmbio foi a maior e melhor experiência que poderia ter tido na minha formação acadêmica e para meu crescimento pessoal. Gostaria de que todos os meus alunos tivessem a oportunidade de viver o que vivi!

Viver momentos, ouvir relatos, conhecer diferentes culturas, pessoas diferentes, muda a nossa visão de mundo e nos muda diante do mundo. Mas como diria o Chico Science, “um passo à frente, e você não está mais no mesmo lugar”, não precisamos ir longe para viver essas experiências. Um passo à frente e temos um mundo diferente, pessoas diferentes e bons momentos a serem vividos. O Instituto Jurumi foi e é para mim um passo à frente de muitas experiências bacanas que pude aproveitar e desejo que seja também para nossos leitores e alunos.
Interações • Mutualismo
Mutualismo é uma relação ecológica que ocorre entre espécies diferentes mas que beneficia ambas. O mutualismo é um exemplo de relação intraespecífica de longa duração. Há dois tipos de mutualismo: Mutualismo obrigatório e Mutualismo facultativo. No Mutualismo obrigatório é possível citar como exemplo micorrizas, que é uma associação entre raízes de plantas e alguns fungos. Nessa relação, o fungo proporciona a absorção de minerais pela planta, e o vegetal garante o fornecimento de nutrientes. No Mutualismo facultativo as espécies se beneficiam da interação, e ainda sim, conseguem viver isoladamente sem que haja nenhum tipo prejuízo para a sua sobrevivência, como exemplo é possível citar caranguejo-eremita e das anêmonas-do-mar. Enquanto o caranguejo atua transportando a anêmona, a anêmona protege o caranguejo contra predadores. A anêmona confere proteção porque possui em seus tentáculos células com substâncias urticantes que provocam alergia e queimadura a quem as toca. Um exemplo muito comum a unidades de conservação, áreas verdes urbanas é dos liquens. Essa associação biológica é benéfica tanto para a alga que realiza fotossíntese e gera energia como para o fungo, que absorve água e nutrientes, sendo uma forma de mutualismo obrigatório. Em alguns casos, a associação simbiótica do liquen é formada por uma cianobactéria (bactéria que obtem energia por fotossíntese) e um fungo.

Natu 39 • 14/08/2024 • Suçuarana (Puma concolor) • Redação • Direção: Rodrigo Viana; Conteúdo: Henrique Rodrigues; Livia Malatrasi; Rebeka Câmara; Fotografias: Amanda Costa - Acervo pessoal; Rayssa Ribeiro; Frederico Gemesio Lemos/PCMC - Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado.
 
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